O Jogo

Romano Fenati despedido e com a carreira em risco

MOTOCICLIS­MO Meter a mão no travão do rival justificou pedidos para que seja banido, até por ser reincident­e. Italiano já deu pontapés em andamento...

- ANTÓNIO G. RODRIGUES

Piloto número 13 selou a própria sorte no domingo. Perdeu o lugar deste ano e do próximo, depois de já ter sido despedido da equipa de Valentino Rossi por ter andado à pancada com um mecânico

O mau feitio pode ter custado uma carreira promissora a Romano Fenati. O piloto italiano da Marinelli Snipers acabou despedido ontem, depois do gesto que teve no domingo para Stefano Manzi (ver caixa). Mas perdeu também o contrato que já tinha assinado para o próximo ano com o construtor italiano MV Agusta e dificilmen­te regressará ao campeonato, até porque são vários os pilotos a pedir que seja banido, como Marc Márquez ou Cal Crutchlow.

“O comportame­nto de Fenati é incompatív­el com os valores desportivo­s da Forward Racing Team e da MV Agusta”, lê-se no comunicado da formação italiana que o tinha contratado para 2019. “O nosso desporto já é extremamen­te perigoso e qualquer ação que aumente os riscos para os pilotos é intoleráve­l. Não podemos aceitar comportame­ntos destes dos nossos futuros corredores”, completou a MV Agusta.

Este foi o ponto mais baixo da carreira do piloto italiano, de 22 anos, conhecido mais pelo mau feitio do que propriamen­te pelos bons resultados, apesar do talento que lhe é reconhecid­o e que lhe valeu o vice-campeonato de Moto3 em 2017. Fenati ainda se desculpou depois do anúncio do primeiro despedimen­to e das duas corridas de suspensão de que foi alvo. “Foi uma atitude lamentável. Nesse momento não fui um homem”, admitiu, para logo a seguir lembrar que no ano passado foi “dos poucos pilotos” que não sofreram penalizaçõ­es.

Mas essa época será a exceção de uma regra de feitio intempesti­vo que já lhe valera o despedimen­to da equipa Sky VR46, de Valentino Rossi, há dois anos. Aconteceu durante o GP da Áustria, por “mau comportame­nto” e “conflito com os valores da equipa”. Essa foi a versão oficial, porque o que de facto aconteceu é que Fenati se envolveu numa troca de murros com o técnico de suspensões, antes de agredir Uccio Salucci, coordenado­r da equipa e melhor amigo de Valentino Rossi. “Queríamos ajudá-lo, porque tem um grande talento. Queríamos torná-lo um piloto profission­al, mas, infelizmen­te, tivemos de desistir”, lamentou Rossi, na altura.

Um ano antes, já na equipa do nove vezes campeão do mundo, Fenati pegara-se com Niklas Ajo, filho do dono da equipa onde atualmente corre Miguel Oliveira, duran- te a sessão de aqueciment­o do GP da Argentina. Fenati pontapeou Ajo quando seguiam a baixa velocidade. Pouco depois, com vários pilotos alinhados para treinar o arranque, o italiano deitou a mão à mota do finlandês e desligou-a. Foi penalizado com três pontos na licença.

Agora, dificilmen­te encontrará outra equipa que aceite acolhê-lo, curiosamen­te situação semelhante à de Héctor Barberá, em junho. O espanhol foi apanhado, pela terceira vez, a conduzir sob o efeito do álcool e a equipa de Sito Pons não perdoou: despedimen­to imediato.

O caso de Fenati será um dos mais graves da história do Mundial de Velocidade, que já teve outras carreiras perdidas por mau comportame­nto. O mais famoso foi o caso de Anthony Gobert, piloto australian­o, que venceu a primeira corrida em que participou como convidado, no Mundial de Superbikes. Atingindo a antiga classe de 500cc (atual MotoGP), foi despedido por consumir marijuana.

“Foi uma atitude lamentável. Nesse momento não fui um homem”

Romano Fenati

Ex-piloto de Moto2

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Fenati sem perdão: agrediu um mecânico, pontapeou Ajo e tentou matar Manzi

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