Romano Fenati despedido e com a carreira em risco
MOTOCICLISMO Meter a mão no travão do rival justificou pedidos para que seja banido, até por ser reincidente. Italiano já deu pontapés em andamento...
Piloto número 13 selou a própria sorte no domingo. Perdeu o lugar deste ano e do próximo, depois de já ter sido despedido da equipa de Valentino Rossi por ter andado à pancada com um mecânico
O mau feitio pode ter custado uma carreira promissora a Romano Fenati. O piloto italiano da Marinelli Snipers acabou despedido ontem, depois do gesto que teve no domingo para Stefano Manzi (ver caixa). Mas perdeu também o contrato que já tinha assinado para o próximo ano com o construtor italiano MV Agusta e dificilmente regressará ao campeonato, até porque são vários os pilotos a pedir que seja banido, como Marc Márquez ou Cal Crutchlow.
“O comportamento de Fenati é incompatível com os valores desportivos da Forward Racing Team e da MV Agusta”, lê-se no comunicado da formação italiana que o tinha contratado para 2019. “O nosso desporto já é extremamente perigoso e qualquer ação que aumente os riscos para os pilotos é intolerável. Não podemos aceitar comportamentos destes dos nossos futuros corredores”, completou a MV Agusta.
Este foi o ponto mais baixo da carreira do piloto italiano, de 22 anos, conhecido mais pelo mau feitio do que propriamente pelos bons resultados, apesar do talento que lhe é reconhecido e que lhe valeu o vice-campeonato de Moto3 em 2017. Fenati ainda se desculpou depois do anúncio do primeiro despedimento e das duas corridas de suspensão de que foi alvo. “Foi uma atitude lamentável. Nesse momento não fui um homem”, admitiu, para logo a seguir lembrar que no ano passado foi “dos poucos pilotos” que não sofreram penalizações.
Mas essa época será a exceção de uma regra de feitio intempestivo que já lhe valera o despedimento da equipa Sky VR46, de Valentino Rossi, há dois anos. Aconteceu durante o GP da Áustria, por “mau comportamento” e “conflito com os valores da equipa”. Essa foi a versão oficial, porque o que de facto aconteceu é que Fenati se envolveu numa troca de murros com o técnico de suspensões, antes de agredir Uccio Salucci, coordenador da equipa e melhor amigo de Valentino Rossi. “Queríamos ajudá-lo, porque tem um grande talento. Queríamos torná-lo um piloto profissional, mas, infelizmente, tivemos de desistir”, lamentou Rossi, na altura.
Um ano antes, já na equipa do nove vezes campeão do mundo, Fenati pegara-se com Niklas Ajo, filho do dono da equipa onde atualmente corre Miguel Oliveira, duran- te a sessão de aquecimento do GP da Argentina. Fenati pontapeou Ajo quando seguiam a baixa velocidade. Pouco depois, com vários pilotos alinhados para treinar o arranque, o italiano deitou a mão à mota do finlandês e desligou-a. Foi penalizado com três pontos na licença.
Agora, dificilmente encontrará outra equipa que aceite acolhê-lo, curiosamente situação semelhante à de Héctor Barberá, em junho. O espanhol foi apanhado, pela terceira vez, a conduzir sob o efeito do álcool e a equipa de Sito Pons não perdoou: despedimento imediato.
O caso de Fenati será um dos mais graves da história do Mundial de Velocidade, que já teve outras carreiras perdidas por mau comportamento. O mais famoso foi o caso de Anthony Gobert, piloto australiano, que venceu a primeira corrida em que participou como convidado, no Mundial de Superbikes. Atingindo a antiga classe de 500cc (atual MotoGP), foi despedido por consumir marijuana.
“Foi uma atitude lamentável. Nesse momento não fui um homem”
Romano Fenati
Ex-piloto de Moto2