O Jogo

“Foi um resultadão vencer o Dínamo de Kiev”

Ao terceiro jogo no Karpaty, o técnico estreou-se a ganhar e logo na casa de um dos gigantes da Ucrânia. Um triunfo histórico e heróico

- ANTÓNIO PIRES

O português, de 53 anos, conseguiu, mesmo com a equipa em inferiorid­ade numérica, quebrar um jejum de 20 anos. Satisfeito com a resposta dos jogadores, não desdenha lutar por um lugar europeu

José Morais é um globetrott­er do futebol. Já trabalhou em 12 países e o Karpaty, da Ucrânia, é o mais recente desafio do antigo adjunto de José Mourinho. Foram precisos três jogos, mas seria difícil pedir melhor sítio para começar a vencer do que o campo do poderoso Dínamo de Kiev? —É uma boa sensação, tratase de um adversário grande, com condições, dimensão e qualidade de atletas diferentes da nossa, acaba por ser um resultadão por isso mesmo, pelo valor do nosso adversário e pelo facto de o Karpaty não ganhar ali há 20 anos. Qual foi o segredo para ter sucesso ante este rival? —Foram coisas simples. A continuida­de do trabalho que temos estado a desenvolve­r, nomeadamen­te a melhoria do nosso jogo defensivo e um maior equilíbrio na transição dos momentos defensivos para os ofensivos. Alguns elementos fundamenta­is têm vindo a ser bem assimilado­s, sobretudo a organizaçã­o defensiva na fase em que não temos a bola e o saber sair com critério para o ataque. Com um adversário como o Dínamo de Kiev, o nosso jogo também tinha de passar por tentar ter bola. A consequênc­ia desse trabalho acabou por resultar num jogo bem conseguido. Isso viu-se na capacidade de resistir mesmo em inferiorid­ade numérica? —Sim, os jogadores mostraram-se concentrad­os, focados. Ficámos com menos um jogador quando já vencíamos por 2-0. Sentimos que em termos de arbitragem o nosso adversário beneficiou um pouco do seu peso e de jogar em casa. Mas, apesar da expulsão aos 56’, conseguimo­s manter a tranquilid­ade, não só pela vantagem, mas também pela forma como estávamos a ser capazes de tapar os caminhos para a nossa baliza. Esse foi o segredo, o foco, o equilíbrio. Quando os jogadores acreditam, tudo é possível. Chegou com a época já a decorrer. Quais são as grandes dificuldad­es e diferenças comparando com um projeto que inicia ainda na pré-temporada? —Nunca sendo fácil, é muito mais difícil quando a época já está a decorrer. Primeiro porque não fazes o plantel que foi escolhido por alguém que já saiu. E os jogadores já assimilara­m outras ideias. Segundo, a competição está em andamento e não tens possibilid­ade de testar coisas. Tudo o que se faz é em jogos a sério, com a pressão dos resultados. E essa pressão retira muitas vezes a capacidade de os jogadores assimilare­m as coisas de um modo mais natural. O que tem influência­norendimen­to.Por isso, é mais fácil ter sucesso

“Tem corrido bem. Os jogadores valorizam a experiênci­a que eu tenho e o meu currículo”

quando se pega numa equipa desde o início, com tempo de preparação para construíre­s a tua filosofia de jogo. Jogadores estão a assimilar bem as suas ideias? —Tem corrido bem. São jogadores que valorizam a experiênci­a que eu tenho e o meu currículo. O facto de ter estado nos clubes onde estive, de ter trabalhado com José Mourinho, que é considerad­o um dos melhores treinadore­s do mundo. Isso é um garante de qualidade para os jogadores e eles têm essa humildade de querer absorver o que tenho para transmitir e a crença no que desejamos implementa­r. Até onde pode chegar o Karpaty na liga? —É um clube com jogadores jovens, um clube importante na Ucrânia, o mais representa­tivo de Lviv. Necessita continuar a crescer e pretende fazê-lo. Este é um ano de transi-

ção, o campeonato do próximo ano vai ter 16 equipas e esta é a última época com 12, em que os seis primeiros da primeira fase disputam o título e os seis últimos não vão ter de jogar pela manutenção, porque não haverá despromovi­dos. É, portanto, um bom ano para criar bases para um futuro diferente. A ideia é essa, não descurando a possibilid­ade de, em função do que fizermos até dezembro, reforçarmo­s a equipa em janeiro, se tivermos possibilid­ade de ficar nos seis primeiros. Isto porque, depois, poderíamos lutar por um lugar de acesso à Liga Europa.

 ??  ??
 ??  ??

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Portugal