MUNDIAL OU EUROPEU?
Nem uma coisa nem outra, s.f.f.
O Euro 2028 a meias com a Espanha, o Mundial de 2030 em conjunto com a Espanha e (eventualmente) Marrocos. Portugal está na iminência de ser convidado para a organização de nova grande competição internacional de futebol, e há três razões por que deve pensar bem antes de aceitar tal coisa. A primeira tem que ver com o rumo que levou grande parte do investimento feito a propósito do Euro 2004. Quem olha para os estádios construídos no Algarve, em Coimbra e – pior ainda – em Aveiro e em Leiria só pode ficar chocado com o que, às vezes, é feito dos recursos públicos, e nomeadamente aquando da sua aplicação no futebol. A segunda tem que ver com o próprio estado do desportorei em Portugal. A euforia pela vitória no Euro 2016, em boa medida, já acabou. O que temos tido: uma Seleção de regresso à mediania, clubes mais longe do topo europeu, sinais de corrupção endémica, provas de outros vícios quase tão graves como ela e agressividade entre rivais. Não ajuda à popularidade de tal empresa. E a terceira tem que ver com o modo como foi obtida a organização do Euro 2004. Mesmo despessoalizando – isto é, deixando o nome de Carlos Cruz dentro de um par de travessões –, não faltaram, ao longo dos anos, insinuações e vestígios de que nem tudo tinha sido conforme nos processos de trabalho da candidatura portuguesa. Como noutras, é verdade, mas esta foi nossa. O melhor é analisarem bem o relatório e contas da investida de há 14 anos. Será preciso desenvolver um discurso especialmente persuasivo para conquistar os portugueses para uma causa assim. E, já agora, valia a pena que os argumentos fossem mesmo verdade, porque tão-pouco os portugueses têm dado grandes provas, nas últimas décadas, de saberem proteger-se das tentações.