O Jogo

Sai agora, que agora dá jeito

- Paulo Baldaia

P aulo Gonçalves está de saída do Benfica, mais de seis meses depois de ter sido noticiado que corrompeu a justiça para ajudar o Benfica, antecipand­o as diligência­s, até as buscas, do Ministério Público em vários processos, incluindo o processo dos emails (manchete do “Expresso” de 10 de março). Está acusado, como está acusada a SAD do Benfica, mas a informação que se conhece sobre os crimes que lhe são imputados é a mesma ao longo de todos estes meses em que o Benfica lhe manifestou total solidaried­ade e o manteve em funções para que ele representa­sse o clube, por exemplo junto da Liga de Clubes. Varandas Fernandes, vicepresid­ente do Benfica, revelou a intenção desta saída ao considerar que o problema de Paulo Gonçalves é um problema pessoal que ele não queria comentar. Quando o cerco aperta forte é preciso que alguém assuma as culpas todas, como se a corrupção da justiça revelada pelo processo e-toupeira não fosse em evidente benefício do clube para o qual Paulo Gonçalves trabalhava como “um dos homens mais poderosos do futebol português” (título de “A Bola” de sexta-feira dando conta da sua saída). A máquina comunicaci­onal dos encarnados é uma máquina de arrasto, repetindo a tese que lhes importa até à exaustão. E é por isso que até os benfiquist­as mais esclarecid­os se convencera­m de que o Benfica não tem nada que ver com o que fizeram em seu nome funcionári­os e dirigentes. Muitos desses adeptos pediam o afastament­o de Paulo Gonçalves há vários meses e até já dizem que, se a SAD do Benfica acabar de facto pronunciad­a no processo etoupeira, Filipe Vieira vai ter de ir a eleições. Por agora, basta-lhes que saia o assessor jurídico, o braçodirei­to do presidente, o homem poderoso do futebol, o implicado nas toupeiras e nos emails, que o Benfica começou por dizer que eram falsos, depois truncados, depois sabe-se lá o quê e que, afinal, assumem ser verdadeiro­s e terem sido roubados. Mas eles conseguem dizer que o Benfica não tem nada que ver com isto, até se repete à exaustão na comunicaçã­o social que o Gonçalves era do Porto e do Boavista.

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