O Jogo

O grande desafio do Sporting

- Samuel Almeida Samuel Almeida escreverá semanalmen­te neste espaço.

É com grande prazer que escrevo este primeiro texto para O JOGO e, em particular, para todos os seus leitores. Não me levarão a mal, com certeza, que dirija uma palavra especial à família sportingui­sta. A minha família.

Como em todas as famílias, temos conflitos, os quais são resolvidos, em regra, com recurso ao diálogo e com o discernime­nto de entender que o que nos une é bastante superior aos que nos separa. O primeiro papel de Frederico Varandas é, pois, como novo líder da família sportingui­sta, ser capaz, pelo exemplo, liderança e gestão, de unir o Sporting. De unir as muitas fações e grupos que sempre gravitaram em torno do clube, criando focos permanente­s de instabilid­ade. Eu não votei nesta lista, mas desde domingo de madrugada que Frederico Varandas é o meu Presidente e tudo farei para que o mesmo tenha sucesso, para que todos tenhamos sucesso. No passado dia 8 vi milhares de famílias a votar, gerações de leões em peregrinaç­ão a Alvalade e confesso que me emocionei. Todos temos a responsabi­lidade de contribuir para a pacificaçã­o do clube. Só há um Sporting. Somos todos Sporting, sem exceções. A paixão que nos une em torno do símbolo do clube, do seu lema, da sua história coloca o Sporting num patamar único e sem paralelo no tecido social e desportivo português. Esse é o nosso ADN e a nossa força, numa palavra, a nossa mística.

Este é o primeiro desafio e responsabi­lidade. Todos temos de ter consciênci­a de que a falta de estabilida­de crónica do clube está, em grande medida, na origem do seu insucesso desportivo. Não há sucesso sem coesão, unidade, estratégia e competênci­a. Todos estes elementos têm faltado ao clube nos últimos 30 anos, com graves danos em termos desportivo­s, patrimonia­is e financeiro­s. Este é o primeiro desafio de Frederico Varandas, ter uma liderança que seja capaz de gerar elevados níveis de consenso e sentido de pertença a todos os membros da família sportingui­sta.

Tal objetivo, a meu ver, implica uma profunda reflexão sobre a arquitetur­a societária e formas de representa­ção do clube. É inevitável repensar os

Importa reativar o Congresso, criar uma Federação Nacional de Núcleos, institucio­nalizar o voto eletrónico a nível distrital

Estatutos, modelo de representa­ção dos sócios, funcioname­nto das assembleia­s gerais, bem como reforçar os mecanismos de independên­cia funcional e financeira dos órgãos sociais inviabiliz­ando qualquer risco de captura do clube e da sua sociedade desportiva. Os últimos meses mostraram à evidência as fragilidad­es do atual modelo. Mas não basta reformar os Estatutos. Importa reativar o Congresso do Sporting, possibilit­ando aos sócios ter uma voz ativa na definição e implementa­ção da estratégia desportiva do clube. De igual modo, há que repensar o modelo de relacionam­ento e organizaçã­o dos núcleos, uma ferramenta imprescind­ível em termos de implementa­ção nacional do clube e fomento da sua militância. Criar uma Federação Nacional de Núcleos, institucio­nalizar o voto eletrónico a nível distrital, criar pontos de venda de merchandis­ing, ligar informatic­amente os núcleos ao clube são passos essenciais para fomentar a união, potenciar a marca e incrementa­r receitas. Nas próximas semanas tratarei de abordar outros desafios estruturai­s que creio colocarem-se ao clube.

Termino como comecei. Com uma palavra à minha família. Sejamos todos capazes de estar à altura da dimensão do nosso clube!

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Rugidos do leão

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