O grande desafio do Sporting
É com grande prazer que escrevo este primeiro texto para O JOGO e, em particular, para todos os seus leitores. Não me levarão a mal, com certeza, que dirija uma palavra especial à família sportinguista. A minha família.
Como em todas as famílias, temos conflitos, os quais são resolvidos, em regra, com recurso ao diálogo e com o discernimento de entender que o que nos une é bastante superior aos que nos separa. O primeiro papel de Frederico Varandas é, pois, como novo líder da família sportinguista, ser capaz, pelo exemplo, liderança e gestão, de unir o Sporting. De unir as muitas fações e grupos que sempre gravitaram em torno do clube, criando focos permanentes de instabilidade. Eu não votei nesta lista, mas desde domingo de madrugada que Frederico Varandas é o meu Presidente e tudo farei para que o mesmo tenha sucesso, para que todos tenhamos sucesso. No passado dia 8 vi milhares de famílias a votar, gerações de leões em peregrinação a Alvalade e confesso que me emocionei. Todos temos a responsabilidade de contribuir para a pacificação do clube. Só há um Sporting. Somos todos Sporting, sem exceções. A paixão que nos une em torno do símbolo do clube, do seu lema, da sua história coloca o Sporting num patamar único e sem paralelo no tecido social e desportivo português. Esse é o nosso ADN e a nossa força, numa palavra, a nossa mística.
Este é o primeiro desafio e responsabilidade. Todos temos de ter consciência de que a falta de estabilidade crónica do clube está, em grande medida, na origem do seu insucesso desportivo. Não há sucesso sem coesão, unidade, estratégia e competência. Todos estes elementos têm faltado ao clube nos últimos 30 anos, com graves danos em termos desportivos, patrimoniais e financeiros. Este é o primeiro desafio de Frederico Varandas, ter uma liderança que seja capaz de gerar elevados níveis de consenso e sentido de pertença a todos os membros da família sportinguista.
Tal objetivo, a meu ver, implica uma profunda reflexão sobre a arquitetura societária e formas de representação do clube. É inevitável repensar os
Importa reativar o Congresso, criar uma Federação Nacional de Núcleos, institucionalizar o voto eletrónico a nível distrital
Estatutos, modelo de representação dos sócios, funcionamento das assembleias gerais, bem como reforçar os mecanismos de independência funcional e financeira dos órgãos sociais inviabilizando qualquer risco de captura do clube e da sua sociedade desportiva. Os últimos meses mostraram à evidência as fragilidades do atual modelo. Mas não basta reformar os Estatutos. Importa reativar o Congresso do Sporting, possibilitando aos sócios ter uma voz ativa na definição e implementação da estratégia desportiva do clube. De igual modo, há que repensar o modelo de relacionamento e organização dos núcleos, uma ferramenta imprescindível em termos de implementação nacional do clube e fomento da sua militância. Criar uma Federação Nacional de Núcleos, institucionalizar o voto eletrónico a nível distrital, criar pontos de venda de merchandising, ligar informaticamente os núcleos ao clube são passos essenciais para fomentar a união, potenciar a marca e incrementar receitas. Nas próximas semanas tratarei de abordar outros desafios estruturais que creio colocarem-se ao clube.
Termino como comecei. Com uma palavra à minha família. Sejamos todos capazes de estar à altura da dimensão do nosso clube!