O Jogo

Assembleia geral da semana passada foi surreal

- José João Torrinha

1 Na história do Vitória, já se realizaram muitas assembleia­s gerais. Foram realizadas em múltiplas localizaçõ­es, tiveram as mais diversas durações, temas e protagonis­tas. Do meu tempo, as mais marcantes terão sido aquela que eu classifica­ria como a mais vergonhosa de todas (a famosa assembleia dos capangas) e a que terá sido a mais dramática (a que se seguiu à descida de divisão, com um voto de confiança posto em cima da mesa pela Direção então em funções). Pois, na galeria das assembleia­s gerais para mais tarde recordar, a da semana passada poderá ser classifica­da como a mais surreal.

Surreal não pela forma como decorreu, mas pelo resultado da respetiva votação. Surreal ao ponto de se poder dizer que encontrar vencedores e vencidos na mesma é missão espinhosa, porque depende do ponto de vista em que nos pomos. Uma coisa é certa: na perspetiva daqueles que entendem que o clube deveria ter um papel mais ativo na SAD e que defendem um reforço dos poderes dos sócios nas matérias em causa, a votação alcançada foi uma oportunida­de perdida. Sendo difícil perceber a motivação que presidiu a cada voto depositado na urna, é ainda mais difícil entender como muitos sócios se deslocaram à assembleia para dizer não a mais poderes. Mas mais do que os resultados, se calhar vale a pena refletir sobre uma outra coisa. Como é sabido, as últimas eleições foram extremamen­te quentes e disputadas voto a voto. Importava, todavia, que das mesmas não saísse um clube partido a meio. Ora, esta assembleia veio provar que muitas fraturas ainda lá estão. O tempo não terá sido suficiente para sarar tudo e ainda se vê muito espírito de fação. Só o tempo dirá se esta realidade assim vai permanecer, ou se, pelo contrário, se vai esbater. O tempo o dirá. O tempo e os resultados, acrescento eu... 2 Há pessoas que nunca conhecemos pessoalmen­te mas que nos habituamos a admirar e a respeitar. Desde muito novo que, em minha casa, ouvia falar de Gil Mesquita. O meu pai tinha integrado uma Direção do Vitória com ele (presidênci­a de Fernando Roriz) e falavame desses tempos heroicos em que o Vitória tinha, pela primeira vez, ficado em terceiro lugar no campeonato. Mais tarde, Gil Mesquita,

O tempo não terá sido suficiente para sarar tudo e ainda se vê muito espírito de fação

entre muitas outras coisas que fez na vida, veio a ser Presidente do Vitória e da Associação de Futebol de Braga, este último cargo durante dez anos. Gil Mesquita pertencia, indiscutiv­elmente, à restrita galeria dos verdadeiro­s senadores vitorianos. Foi por isso totalmente merecida a homenagem prestada pelo clube, marcando forte presença no seu funeral. Gil Mesquita foi e será uma das nossas referência­s, pela sua ação em prol do Vitória e da nossa terra. O seu legado perdurará, mas com o seu passamento, o Vitória ficou, indiscutiv­elmente, mais pobre.

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Pontapé para a clínica

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