DE 2004 SÓ RESTAM OS LOCAIS
O FC Porto foi campeão europeu em Gelsenkirchen, mas não guarda seguidores por estas bandas. É a equipa de Casillas e dos gémeos africanos que todos querem conhecer
O FC Porto continua a ser um nome familiar em Gelsenkirchen, mas os detalhes desapareceram da memória local. Quem vai enfrentar o Schalke 04 é aquele antigo campeão europeu onde joga Casillas
O que os alemães querem mesmo é saber quem são os gémeos de que Domenico Tedesco, treinador do Schalke 04, falou no final da derrota em Moenchengladbach. Aboubakar e Marega são nomes que dizem pouco aos adeptos da equipa alemã que ontem assistiram ao primeiro treino depois da terceira derrota consecutiva na Bundesliga. “No próximo fim de semana deve ser a quarta, contra o Bayern”, avisou-nos um repórter da Sky Sports. “Daí a importância de vencer o FC Porto na terça-feira [amanhã]”, concordou o jornalista do “Bild”. Até anteontem, os dragões eram só o campeão europeu de 2004 que Casillas escolheu para terminar a carreira. “Não conhecemos mais ninguém. Mas o treinador falou de dois avançados iguais e temíveis. Estamos curiosos. O campeonato português não tem visibilidade aqui e 2004 foi há muito tempo para continuarmos a acompanhar. Conhecemos porque o FC Porto ganhou aqui um troféu, mas nada mais do que isso”, comentam no café com vistas para o campo de treinos. “Em 2004? Não consigo dizer nenhum jogador”, responde timidamente a proprietária, cinquentenária e que por ali pára há mais de 20 anos. “José Mourinho?Pois,Mourinho!”, exclama. Sem ajuda, o FC Porto campeão europeu não lembra a ninguém por estas bandas. “Talvez no centro da cidade e em Hagen, onde há uma comunidade portuguesa. Quem frequenta a zona do Veltins Arena são os adeptos do Schalke e nada mais. O FC Porto só é importante porque vem cá jogar”, ri o jornalista da Sky, que nos remete para o Museu do estádio. “A memória da Champions League de 2004 está lá. Será o único sítio da cidade onde a podem encontrar. Mas não hoje, que é domingo. Só durante a semana ou em dias de jogo”, retifica.
Com efeito, Gelsenkirchen é, por estes dias, uma cidade deserta. Costuma ser assim, dizem. E já o era em 2004. Só em dias de jogo é que as ruas enchem, especialmente quando há visita do Moenchengladbach, do Dortmund ou do Eintracht. “E este ano do Dusseldorf ”, acrescenta um alemão atento à conversa. “O Essen é que era, mas não joga nesta divisão”, completa. Essen é a cidade vizinha. Tem o dobro da população, mas uma agitação que multiplica por muito mais. Gelsenkirchen é, como outras cidades perto, uma espécie de dormitório dos milhares de operários e
o Veltins-Arena é conhecido
para o exterior pelo relvado que desliza
outra das particularidades é o canal de cinco quilómetros que transporta cerveja para o estádio
funcionários das dezenas de multinacionais que operam na região do Ruhr. Mas tem o clube mais famoso e, por isso, adeptos em todos os locais. “Schalke e FC Porto vão apurar-se neste grupo”, concordam todos. “O Schalke porque é nosso e o FC Porto porque já foi feliz aqui”, rematam.