O Jogo

DE 2004 SÓ RESTAM OS LOCAIS

O FC Porto foi campeão europeu em Gelsenkirc­hen, mas não guarda seguidores por estas bandas. É a equipa de Casillas e dos gémeos africanos que todos querem conhecer

- ANDRÉ MORAIS, em Gelsenkirc­hen

O FC Porto continua a ser um nome familiar em Gelsenkirc­hen, mas os detalhes desaparece­ram da memória local. Quem vai enfrentar o Schalke 04 é aquele antigo campeão europeu onde joga Casillas

O que os alemães querem mesmo é saber quem são os gémeos de que Domenico Tedesco, treinador do Schalke 04, falou no final da derrota em Moenchengl­adbach. Aboubakar e Marega são nomes que dizem pouco aos adeptos da equipa alemã que ontem assistiram ao primeiro treino depois da terceira derrota consecutiv­a na Bundesliga. “No próximo fim de semana deve ser a quarta, contra o Bayern”, avisou-nos um repórter da Sky Sports. “Daí a importânci­a de vencer o FC Porto na terça-feira [amanhã]”, concordou o jornalista do “Bild”. Até anteontem, os dragões eram só o campeão europeu de 2004 que Casillas escolheu para terminar a carreira. “Não conhecemos mais ninguém. Mas o treinador falou de dois avançados iguais e temíveis. Estamos curiosos. O campeonato português não tem visibilida­de aqui e 2004 foi há muito tempo para continuarm­os a acompanhar. Conhecemos porque o FC Porto ganhou aqui um troféu, mas nada mais do que isso”, comentam no café com vistas para o campo de treinos. “Em 2004? Não consigo dizer nenhum jogador”, responde timidament­e a proprietár­ia, cinquenten­ária e que por ali pára há mais de 20 anos. “José Mourinho?Pois,Mourinho!”, exclama. Sem ajuda, o FC Porto campeão europeu não lembra a ninguém por estas bandas. “Talvez no centro da cidade e em Hagen, onde há uma comunidade portuguesa. Quem frequenta a zona do Veltins Arena são os adeptos do Schalke e nada mais. O FC Porto só é importante porque vem cá jogar”, ri o jornalista da Sky, que nos remete para o Museu do estádio. “A memória da Champions League de 2004 está lá. Será o único sítio da cidade onde a podem encontrar. Mas não hoje, que é domingo. Só durante a semana ou em dias de jogo”, retifica.

Com efeito, Gelsenkirc­hen é, por estes dias, uma cidade deserta. Costuma ser assim, dizem. E já o era em 2004. Só em dias de jogo é que as ruas enchem, especialme­nte quando há visita do Moenchengl­adbach, do Dortmund ou do Eintracht. “E este ano do Dusseldorf ”, acrescenta um alemão atento à conversa. “O Essen é que era, mas não joga nesta divisão”, completa. Essen é a cidade vizinha. Tem o dobro da população, mas uma agitação que multiplica por muito mais. Gelsenkirc­hen é, como outras cidades perto, uma espécie de dormitório dos milhares de operários e

o Veltins-Arena é conhecido

para o exterior pelo relvado que desliza

outra das particular­idades é o canal de cinco quilómetro­s que transporta cerveja para o estádio

funcionári­os das dezenas de multinacio­nais que operam na região do Ruhr. Mas tem o clube mais famoso e, por isso, adeptos em todos os locais. “Schalke e FC Porto vão apurar-se neste grupo”, concordam todos. “O Schalke porque é nosso e o FC Porto porque já foi feliz aqui”, rematam.

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