A década incrível de míster Tedesco
Aos 33 anos chega ao topo pela mão de Julian Nagelsmann, o único mais jovem do que ele na Champions
Subiu a pulso e tornou-se herói no último ano ao ponto de já nem conseguir entrar no McDonald’s. É obcecado pelo estudo do adversário e pelos resultados
Domenico Tedesco é um dos treinadores mais populares da Alemanha, mas também dos mais pragmáticos. “Se puder escolher entre ganhar 4-3 e 1-0, escolho ganhar 4-0. Mas não é nas exibições que penso nem em como ter a bola, mas na forma mais simples de somar três pontos”, definiu-se numa entrevista recente, com o moral em alta e contrato renovado ao fim de um primeiro ano absolutamente estrondoso, terminado com o Schalke 04 em segundo lugar. Os jogadores adoram o estilo do ítalo-germânico e este acredita que palavras simples como “obrigado” ou “desculpa” podem fazer toda a diferença no treino e no jogo.
Tedesco nasceu em Itália mas mudou-se com os pais para a Alemanha com apenas dois anos de idade. O futebol foi uma paixão que o talento não correspondeu. Aos 23 anos, e sem nunca ter passado do Aichwald, do oitavo e último escalão germânico, decidiu retirar-se e investir no treino, ao mesmo tempo que completava a licenciatura em Engenharia empresarial. Começou por estagiar nos sub-8 do Estugarda, mas foi impressionando e subiu até aos sub17. O treinador principal saiu e Tedesco ficou com o lugar. O Estugarda recolhia elogios onde quer que jogasse, especialmente porque alguns jogadores pareciam muito melhores do que aquilo que realmente eram. Em 2014/15, Julian Nagelsmann, que o conheceu por altura do curso, convidou-o a integrar o departamento de futebol jovem que este orientava no Hoffenheim. A subida de Nagelsmann, dois anos mais jovem, à primeira equipa, deixou os juniores à mercê da qualidade de Tedesco e este impressionou tanto que, com 31 anos, assumiu a difícil tarefa de salvar o Erzgebirge Aue da descida à Bundesliga 3. A equipa tinha apenas 14 pontos e Tedesco somou mais 20 em 11 desafios, 13 deles logo a abrir. A fama cresceu, mas nem isso evitou a surpresa quando o Schalke, que vinha de um 10.º lugar, o convidou para assumir a necessidade de mudar em 2017/18. “Seguia-o há quatro/cinco anos”, contou o presidente do clube. Tedesco não desiludiu e, com 33 anos, chega à Champions
“Ter bola não significa marcar, mas roubá-la garante que o adversário não marca”
Domenico Tedesco
Treinador do Schalke 04
no mesmo ano que Nagelsmann, o seu grande amigo e mentor, este com 31 anos e ainda ao serviço do Hoffenheim.
Tedescoassume-secomoum treinador obcecado pelo estudo dos adversários, entrega dossiês profundos sobre cada jogador dos adversários e preparaassuasequipasem3x4x3, com a verticalidade como pano de fundo e a recuperação de bola rápida como mandamento principal. Ter bola não significa marcar, mas roubá-la garante que o adversário não marca”, justificou, ele que virou ídolo em Gelsenkirchen e não nega uma fotografia ou um autógrafo que seja. Quandoquerfugir,optapeloMcDrive em vez de ir ao McDonald’s, como a brincar contou na televisão: “Com esta popularidade tão grande deixei de poder comer um BigMac relaxado, mas pelo menos perdi peso e sou mais saudável.”