Dyego e o triunfo da eficácia
Ponta de lança está na média dos melhores goleadores da Europa
Análise: os quatro candidatos em comparação
Resposta a Abel: onde pode a equipa melhorar
O dinamismo dos médios do Braga, da época passada, deve ser ressuscitado quanto antes, de modo a que apareça “mais gente” a decidir na área. Claudemir parece ser ainda uma “biela” fora da máquina
A correr por fora ou não, o Braga juntou-se ao Benfica no cume da classificação da liga e reforçou o estatuto de candidato ao título ao bater em casa o Sporting. Por entre ressalvas de que a equipa tem um novo motor, Abel Ferreira não se dá por satisfeito e, ainda na ressaca do triunfo sobre os leões, revelou que no treino do dia seguinte (ontem de manhã) iria lançar para debate uma curiosa questão: “Em que poderemos melhorar?”. Auscultados vários especialistas, percebe-se que a resposta certa deverá incidir no meiocampo. “Com os jogadores que tem, o Braga pode melhorar muito na ligação entre a defesa e o meiocampo. Claudemir parece-me ainda um bocadinho fora do contexto. É uma biela fora do tal motor novo de que falou o Abel. Com o Palhinha, a situação também não é muito diferente, embora seja mais útil nas bolas paradas: tem bom jogo de cabeça e sabe tirar partido da estatura elevada. A
“A primeira pergunta que farei aos meus jogadores amanhã [ontem] será: em que poderemos melhorar?” Abel Ferreira no final do jogo com o Sporting
zona central ainda transmite alguma fragilidade e não me refiro somente aos médios interiores. Também os centrais devem ser mais eficazes”, analisou o jornalista Manuel Queiroz, dando conta ao mesmotempo de alguma ausência de “peso na área”. “O Dyego Sousa está muito bem e resolveu o jogo com o Sporting, mas notou-se falta de mais gente na área. Os médios devem juntar-se mais à dupla do ataque”, acrescentou.
Semelhante comprometimento dos médios era uma das características mais vincadas no Braga da época anterior e o jurista Miguel Pedro já percebeu que algo se perdeu. “São aspetos relacionados com rotinas de jogo, nas transições defesa-ataque. Parece-me que por vezes a equipa faz isso sem os apoios devidos. Por outro lado, tenho identificado algum défice nos cruzamentos provenientes das alas, sendo este aspeto da responsabilidade tanto dos laterais como dos extremos, embora isso até seja um problema transversal às outras equipas”, observou Miguel Pedro, embora ressalvando que a equipa até já demonstrou ser capaz de “atacar com três jogadores, em apoio direto ao homem da bola”, o que só é possível quando “a condição física é boa”. Os dois colunistas de O JOGO convergem, de res-
to, na falta que fazemRaúl Silva e Paulinho, ausentes, por lesões, nos últimos jogos .“O Paulinho é um jogador muito dinâmico e influente na equipa, tem golo”, recorda Manuel Queiroz. Já Miguel Pedro lembra e lamenta o prolongado afastamento do central Ricardo Ferreira. “Quando a equipa estiver toda disponível, acredito que o Braga subirá de rendimento. O Paulinho já está disponível, mas ainda precisa de readquirir ritmo; depois o Ricardo Ferreira e o Raúl Silva são centrais de valor acrescentado”, referiu.
Impedimentos à parte, Zé Nuno também é da opinião que a equipa se engasga em termos de “eficácia ofensiva”. Atendendo a que o Braga marcou golos em todos os jogos do campeonato, até parece um falso problema, mas o antigo arsenalista, atualmente no comando do Prado, tem a clara noção de que a equipa complica o que pode ser mais fácil. “O Braga criou várias situações de perigo contra o Sporting, mas faltou muito o último passe. Só com a entrada do Eduardo é que essa questão foi ultrapassada. O jogador trouxe de facto definição, com o Abel explicou, e foi dele a assistência para o golo do Dyego Sousa. O jogo pediu aquilo e o jogador cumpriu bem”, explicou o treinador.