O Jogo

“Faltou título internacio­nal”

Águias montam exército jurídico

- PAULO NUNES TEIXEIRA

Luisão encerrou carreira, fez balanço e antecipou cargo na estrutura

Ao lado da família de sangue e da profission­al, o camisola 4 pisou o relvado da casa dos encarnados pela última vez e referiu que é chegada a hora de ajudar o clube fora de campo

Pouco passava das 19h00 quando Luisão pisou o relvado da Luz na companhia da mulher, das duas filhas e do presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira. Perante os elementos de Direção e SAD e debaixo do olhar de companheir­os e equipa técnica, o Girafa despediuse dos relvados. Sem adeptos nas bancadas, como pano de fundo estava uma camisola gigante do camisola 4, que ia do relvado ao topo da Catedral, e Luisão esteve ladeado pelas 20 taças conquistad­as – é o jogador com mais troféus ganhos na história do clube – enquanto passava em revista a carreira e os 15 anos de águia ao peito. “Costumava dizer que sentia pressão quando tinha 65 mil pessoas a apoiar. Mas hoje [ontem], quando entrei por aquela porta pela última vez com a minha família e vi a bancada vazia, é que percebi o que é a pressão”, disse Luisão, o jogador que mais vezes alinhou a titular pelos encarnados (538) em toda a história do clube.

Numa retrospeti­va, o brasileiro de 37 anos, que ontem treinou pela última vez no Seixal, assumiu ter ficado um sonho por concretiza­r. “Faltou uma conquista internacio­nal e é uma das coisas que lamento, pela grandeza deste clube e por tudo aquilo que o presidente propôs em termos de cresciment­o. Estivemos em duas finais da Liga Europa e isso é uma coisa que vou lamentar para o resto da minha vida, porque tínhamos total possibilid­ade de ter mais conquistas aqui”, admitiu.

Perante o olhar atento dos pais, que estiveram no recinto dos encarnados, Luisão reconheceu que a recuperaçã­o da fratura no braço em 2015 foi marcante. “Confesso que às vezes ouvia muitas dúvidas sobre mim e achei que a carreira tinha terminado, mas tive pessoas que apostaram em mim. Renasci no ano do tetra, superei a limitação da idade mais avançada e liderei essa conquista”, disse, orgulhoso.

Já com saudades dos pequenos-almoços no Seixal com os companheir­os, L ui são prepara separa assumir funções nas relações internacio­nais do clube e justificou a antecipaçã­o da reforma – tinha renovado até ao fim da época – com a “história escrita ”.“Com cinco anos, já tocava na bola como meu pai. A minha história foi escrita desde a Juventus, o Cruzeiro, e depois no Benfica. Cheguei à conclusão de que estava na hora de dar o meu contributo fora de campo para a reconquist­a, que é tão importante”, sublinhou, com uma revelação curiosa sobre o adeus. “Descobri numa carta da minha filha ao Pai Natal em que pedia que encerrasse a carreira”, revelou.

Sem pensar numa eventual carreira técnica – “Perto do míster, não sei nada, ainda me falta muita visão para ser treinador” –, Luisão agradeceu o

O jogador de 37 anos assegura que o Benfica não terá problemas com liderança, pois no Seixal todos os jogadores têm essa capacidade

papel de Luís Filipe Vieira e, ainda antes de ouvir o hino das águias, garantiu que tem vários sucessores para as funções de capitão. “Esta semana pude assistir aos sub-19 e à equipa B e vi uma maturidade impression­ante. Todos os jogadores têm essa capacidade. O Jardel é o nosso líder, mas a liderança é partilhada por todos. Sobre isso, estamos tranquilos”, afirmou, acrescenta­ndo que “até os rivais, sem exceção”, o fizeram crescer. “Quero agradecer-lhes”, referiu. Emocionado durante a homenagem, o agora ex-capitão foi brindado comalgumas­imagensdos­melhores momentos de águia ao peito e não faltou a guarda de honra no adeus.

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