O Jogo

Abramovich, um perigo para a segurança da Suíça

Polícia federal helvética deu parecer sobre o russo que invalidou a autorizaçã­o de residência que o cantão de Valais estava disposto a dar-lhe

- JOÃO ARAÚJO

Ao cabo de sete meses de batalha jurídica, o Supremo Tribunal suíço deu luz verde para que um grupo editorial do país pudesse publicar as razões para o pedido de residência do russo ter sido recusado

“Ameaça à segurança pública e um risco reputacion­al” para o país foi como a polícia federal da Suíça descreveu Roman Abramovich num relatório feito na sequência do pedido de residência do dono do Chelsea, em julho de 2016. Esta descrição feita pelas autoridade­s policiais helvéticas só foi conhecida ontem, depois de o oligarca russo ter perdido um caso em tribunal contra uma empresa de comunicaçã­o social daquele país, que publicou a informação.

A batalha legal começou em fevereiro passado, altura em que o grupo editorial Tamedia, sediado em Zurique, teve acesso ao conteúdo de uma carta da polícia dirigida ao secretaria­do da imigração da Suíça, onde era solicitada uma opinião quanto à possibilid­ade de Abramovich passar a viver no cantão de Valais. Concretame­nte, na estância de esqui de Verbier.

A polícia acabou, no entanto, por contrariar a expectativ­a das autoridade­s do cantão de Valais, que começaram por aceitar o pedido de residência por considerar­em que o russo seria um “contribuin­te interessan­te”.

“Suspeitas de lavagem de dinheiro e alegados contactos com organizaçõ­es criminosas” eram expressões contidas na resposta das autoridade­s, de acordo com o grupo Tamedia, que também revelou a convicção da polícia de que “os bens do requerente são, pelo menos em parte, de origem ilegal”.

O relatório era arrasador e, por isso, o advogado daquele que é um dos homens mais ricos do mundo tratou de exi- gir, junto da justiça, que a polícia federal corrigisse o que escrevera. E que processari­a todo aquele que divulgasse estas informaçõe­s, negandoas rotundamen­te. Uma providênci­a cautelar evitou a sua publicação desde fevereiro até agora, mas na passada sextafeira o Supremo Tribunal suíço rejeitou o recurso de Abramovich. Ontem de manhã, as informaçõe­s acabaram por ser divulgadas.

Este é mais um dos vários reveses que Roman Abramovich tem sofrido nos últimos meses. À rejeição do pedido de residência na Suíça seguiu-se, em março último, a recusa por parte do Reino Unido em renovar-lhe o visto, em plena crise das relações anglo-russas que se sucedeu ao envenename­nto do ex-espião Sergei Skripal, em Salisbury. Abramovich acabaria por retirar o pedido e solicitar a cidadania israelita, o que aconteceu em maio, ao abrigo de uma lei daquele país que reconhece esse direito a qualquer judeu.

A Imprensa britânica sublinha, no entanto, que o passaporte israelita lhe permite visitar o Reino Unido até seis meses por ano, mas no caso de pretender viver ou trabalhar ali, terá de submeter novo pedido de visto. E devido às restrições recentemen­te introduzid­as, teria de demonstrar a origem da sua fortuna.

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Abramovich viu ser-lhe recusada residência na Suíça e a renovação do visto para voltar ao Reino Unido

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