O Jogo

O melhor Peseiro da carreira

Cinco jogos em casa, cinco vitórias Análise: um leão de duas caras

- MÁRIO DUARTE

Equipa de José Peseiro conseguiu uma entrada convicta e convincent­e, com a melhor certeza no passe da época. Após o intervalo acomodou-se à vantagem, deixou-se adormecer e caiu a pique

Feitas as contas, o Sporting conseguiu no sábado, na receção ao Marítimo, o seu principal objetivo: o regresso às vitórias, após a primeira derrota da época, sofrida na ronda anterior em Braga. Foi, contudo, um leão de duas faces aquele que conquistou os três pontos e relançou a equipa na perseguiçã­o dos lugares da frente. Apesar de não ilustrarem na sua plenitude a dinâmica, intensidad­e e autoridade demonstrad­as pelos leões na primeira parte, que conduziu à vantagem confortáve­l por dois golos verificada ao intervalo – e no final do jogo –, os números espelham mais fielmente a quebra de rendimento no segundo tempo.

O Sporting registou seis desarmes durante o jogo – menos de metade do que média verificada na época até ao momento –, roubando a bola ao adversário o dobro das vezes na primeira parte do que na segunda. Este facto, conforme já referido, não reflete a forma incisiva como os leões interpreta­ram a pressão alta desejada, com diversas recuperaçõ­es no meio campo do Marítimo, mas denuncia a prestação diferencia­da nas duas metades.

“Fizemos os melhores 20 minutos em casa ”, avaliou José Peseiro no final do encontro, antes de conceder: “Fomos obrigados a baixar as linhas

Repetindo o registo de 234 passes na primeira parte, os comandados de José Peseiro chegariam a um número de trocas de bola (468) apenas superado esta época na visita à Luz (471)

(...), tivemos problemas em gerir o jogo.” A leitura do treinador acaba por ser consubstan­ciada na análise às perdas de bola, que quase duplicaram da primeira (4) para a segunda parte (7), em proporção diametralm­ente oposta ao parâmetro dos desarmes.

Ao nível do passe, por exemplo, mantendo o registo da primeira parte, o Sporting apresentar­ia um número (468) apenas suplantado na visita à Luz, diante do Benfica (471). A certeza no passe nos primeiros 45’ frente ao Marítimo, porém, é do que de melhor os leões têm conseguido esta temporada: 82% de acerto, face aos 77,2%, em média, nos restantes jogos. Neste particular, surge com natural evidência Bruno Fernandes. O camisola 8 dos leões, dono da braçadeira de capitão no jogo de sábado, fez 42 passes certos, com uma taxa de eficácia de 73% – o que se justifica pelo grau de risco assumido, não se limitando a passar para o lado ou para trás.

De referir ainda que, no capítulo defensivo, este até foi o jogo em que o Sporting teve menos trabalho, à exceção da receção ao Feirense, que os leões levaram de vencida com um golo ao cair do pano de Jovane. Aos seis desarmes, 14 interceçõe­s e dez cortes registados frente aos insulares contrapõem-se os 14 roubos de bola, oito interceçõe­s e seis cortes verificado­s diante dos fogaceiros. O jogo em que o Sporting teve mais ações defensivas foi... o primeiro da época, ante o Moreirense, com nove desarmes, 14 interceçõe­s e 25 cortes. Os leões, recordese, venceram por 3-1.

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