Cadeira de sonho
George Bernard Shaw, escritor irlandês, preferido de António Salvador, que o citou um destes dias, escreveu coisas fantásticas, e uma delas até parece que a escreveu a pensar no que está a acontecer com o Braga: “Alguns homens veem as coisas como são, e dizem ‘Porquê?’ Eu sonho com as coisas que nunca foram e digo ‘Porque não?” Os braguistas vivem um sonho de há muito, já andaram lá perto, com Domingos, e com paciência continuaram a procurar alimento para o sonho. Ora, desde ontem, há mais um motivo para sonhar, o Braga chegou à liderança, isolado, vencendo o Belenenses no deserto do Jamor, e aproveitando também o deslize dos benfiquistas em Trás-osMontes. Foi inesperado o convívio do Benfica com este pesadelo, era expectável o encontro do Braga com o sonho e com o primeiro lugar. Pelo menos saímos da pasmaceira de serem apenas três os candidatos ao título. O Sporting e o FC Porto venceram e estão naturalmente na corrida, mas sofreram muito pelos três pontos. Sofre-se muito em Portugal, no continente e
Aves e Portimonense fecham a jornada hoje; já começou na quintafeira e choveu muito para as bandas de Chaves nas ilhas. Na Madeira, por exemplo, o Santa Clara fez misérias no alto da Choupana, e em Vila do Conde há uma equipa a meter-se ao barulho dos primeiros lugares, com mérito. Portugal também é um país de contrastes: há alegria em Braga, mas há tristeza na casa do vizinho e rival de Guimarães. É o Minho no seu melhor, um mundo de emoções e de sentimentos antagónicos. Shaw havia de gostar disto.