O Jogo

O TERMINAL DESTE ALFA É NA RUA DA SORTE

ILÓGICO Águias terminam via sacra na Champions. A equipa passou do sofá para uma cama de pregos em Atenas, valendo o golo miraculoso do 16... e Vlachodimo­s

- bbb FILIPE ALEXANDRE DIAS Textos

Benfica teve o jogo nas chuteiras na etapa primeira e nem a expulsão de Rúben Dias explica uma segunda metade bisonha e confusa. Mas o futebol intrometeu-se na lógica e a fortuna foi encarnada O futebol é assim: gosta de confusão e ontem chutou a lógica e a corrente de jogo (seja lá isso o que for...) para longe do Olímpico de Atenas, sorrindo a um Benfica que passou do dominador ao errático, até se safar pelas mãos de Vlachodimo­s e, sobretudo, pelo golpe de asa de Alfa Semedo. E não, a expulsão de Rúben Dias não é argumento bastante para tão pouco na etapa complement­ar. Ainda assim, com três pontos não se discute, mesmo que venham remetidos pelos céus.

O Benfica deu o primeiro sinal numa bola parada e, pouco depois (6’) já partia para a festa, numa recarga vitoriosa de Seferovic. Os encarnados adiantavam-se quando o jogo não tinha definição nem estrutura. A recostar-se na dianteira, a turma de Rui Vitória tornou a ameaçar uma e outra vez em esquemas táticos, com o AEK a tentar perfurar um centro da defesa encarnado, onde, a formar o par imberbe, residia o menos traquejado Conti. Contudo, o esquadrão português era mais viçoso e fresco. Aos 15’, veio o segundo, numa raríssima cabeçada de Grimaldo. O Benfica era um conjunto inteiro, com meiocampo compacto, cortesia de Fejsa, Pizzi e Gedson, e cobria todas as bases na construção e na contenção. O Benfica esteve confortáve­l até perto do intervalo. Perto... É que o AEK jogava curto, sem rasgo até um tiro de longe de Bakasetas – para grande intervençã­o de Vlachodimo­s – ganhar foros de notícia. Parecia a última da primeira parte. Não foi. Antes do final do primeiro ato, Rúben Dias foi expulso. O jogo ia mudar. Muito.

Forçado a refazer a parede defensiva, Vitória lançou Lema e Conti deslocou-se da esquerda para a direita. O AEK era paciente, vagaroso, mas sabia o que queria. Muito graças à incisão contumaz de Hult, o AEK reduziu, com centro do sueco para entrada de Klonaridis. O AEK não se deixava enterrar, pôs um braço fora da cova e um outro dez minutos depois. Sem bola, o Benfica não esfriava a cabeça perante a torrente ofensiva grega e adivinhava-se uma via sacra até final para os encarnados. Os gregos foram forçados a trocar avançado por avançado (o lesionado Ponce deu entrada a Giakoumaki­s) e Vitória respondeu ao reconfigur­ar o miolo, tirando Pizzi e entregando Alfa Semedo ao desafio. Sem direção, o Benfica passou do sofá para uma cama de pregos da qual não saía... e o AEK chegou ao empate já referido. Os gregos farejavam a cambalhota que a corrente de jogo augurava, mas o futebol intrometeu-se. Depois de Vlachodimo­s evitar o 3-2, surgiu Alfa Semedo, que num pontapé espontâneo de longe, mas bem direcionad­o, chutou para fora do Olímpico de Atenas a lógica do jogo e recolou um Benfica até então tíbio na segunda metade de novo para a frente do marcador. Mesmo atordoado, o AEK voltou a partir para a frente com tudo, mas a sentença estava lida: o Benfica voltou a vencer na Champions e desceu ao inferno pelos três pontos.

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Pizzi carregado por Ponce numa saída para o ataque
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