Nuvens negras
A derrota não pode fazer parte da cultura e do ADN do Sporting
Uma equipa sem chama e que esteve sempre por baixo do Porto, que venceu bem a partida. No final não vi inconformismo, nem desalento. Foi uma derrota normal. Algo de errado se passa em Alvalade, com resultados surpreendentes, como o empate ontem do futsal. Ora, se perder faz parte do desporto, a derrota não faz, nem pode fazer, parte da cultura e do ADN do Sporting Clube de Portugal. A cultura de exigência, profissionalismo e total comprometimento com as ambições do clube tem de ser a regra de todos os grupos de trabalho, sem exceções. Esta mensagem tem de ser bem clara para todos aqueles que têm o privilégio de vestir a camisola do clube. Mais que as derrotas em si mesmas, amargurou-me a falta de atitude competitiva. Isso, sim, é uma mágoa para qualquer leão.
José Maria Ricciardi. Nunca percebi bem o conceito de oposição num clube desportivo. Oposição a quê é o que se me oferece perguntar. Se José Maria Ricciardi sente que tem condições para fazer mais e melhor pelo clube, que aproveite essa mesma disponibilidade para se colocar ao serviço do clube. Temos um empréstimo obrigacionista a vencer no final de novembro e a sua ajuda será por certo bemvinda. Anunciar uma situação de pré-falência é retirar valor à marca, expor e agudizar as fragilidades do clube, o que me custa a aceitar.
Godinho Lopes. Todos já percebemos que está em curso – resta saber patrocinada por quem – uma campanha de recuperação do ex-presidente e ex-sócio Godinho Lopes. Esta lavagem é feita sem qualquer pudor. Frederico Varandas vai ter de esclarecer mais cedo ou mais tarde se Godinho Lopes esteve por detrás da sua campanha. Apesar do esforço comunicacional, eu não tenho memória curta. Não me esqueci da gestão errática, dos resultados desportivos desastrosos, da venda de ativos ao desbarato para saldar dívidas de curto prazo, ou do inenarrável Paulo Pereira Cristóvão. Não me esqueço dos defeitos de conceção do Estádio. Mas sobretudo não me esqueço de que em pouco mais de dois anos, este senhor e sua equipa geraram prejuízos de mais de 90 milhões de euros (45,9 milhões em 2011 e 43,6 em 2012). Haja um pouco de decoro.
Nota final: o que se passou em Braga, no último minuto do jogo com o Rio Ave, é vergonhoso para qualquer amante de desporto. Repreender um VAR que não vê um penálti do tamanho da Torre dos Clérigos só pode ser uma brincadeira.