Como será com Ronaldo?
Fernando Santos inventou uma ala direita de altíssima velocidade e criatividade. Em teoria, favorece a integração do capitão, mas...
Aexibição da Seleção Nacional na Polónia mereceu – justamente – muitos e variados elogios. De entre as críticas que poderiam apontar-se à equipa das Quinas (ainda assim, filhas de um deus menor perante o êxito de Chorzów), parece óbvia a falta de eficácia frente à baliza, que roubou dois ou três golos ao resultado final. A exibição da Seleção – personalizada, tranquila e cerebral na gestão dos momentos e ritmos do jogo, e até do desgaste físico, além de ter sido vitoriosa – também levanta interrogações. Desde logo devido à ausência da estrela maior da companhia, Ronaldo. Ausência que, precisamente, não se sentiu… Aos 64 anos, Fernando Santos parece ter o segredo da eterna juventude futebolística. Numa altura em que seria fácil acomodar-se ao que está feito, com um histórico título europeu de seleções no bolso, arrisca, mostrase vanguardista – reinventa posições e jogadores, sendo o exemplo mais flagrante o adiantamento de William Carvalho, que permitiu manter o músculo do agora médio do Bétis na equipa nacional e reforçá-la com a clarividência e capacidade de colocação de bola de Rúben Neves (sem as complicações de William quando tenta sair da pressão a jogar...). O selecionador criou ainda uma faixa direita de altíssima velocidade e criatividade: Cancelo possui explosão, resistência e remate; Bernardo e Pizzi têm técnica, visão e... remate. E os três entendem-se como se tivessem jogado sempre juntos (ou como os craques se entendem). Na frente, André Silva exprime finalmente o talento que se lhe reconhece, marcando e dando a marcar. Mas como será com Ronaldo? Em teoria, as circunstâncias táticas criadas por Fernando Santos favorecem-no, e à equipa. Com o jogo preferencialmente canalizado pela ala direita, o CR7 terá espaço para aparecer da esquerda para o meio, naquele movimento de matador-que-não-quer-parecer-apenasum-ponta-de-lança. Pergunta-se: sentirse-ão os companheiros livres da pressão de jogar para o capitão, em particular André Silva? Se não tiverem essa pressão, este esquema parece ter tudo para melhorar. Mas como será com Ronaldo?
A Seleção Nacional ganhou, na Polónia, um jogo que deu sempre a sensação de estar controlado. Mereceu elogios mas também suscita interrogações