SILENCIOSA REVOLUÇÃO DE ABEL
MUDANÇAS Apesar da invencibilidade, o onze-base tem seis jogadores diferentes relativamente à época passada
Abel Ferreira tem reforçado a ideia de que tão importante como a qualidade dos jogadores é o “processo”. Onze-base mudou, mas a forma de jogar da equipa mantém-se inalterada
O Braga chega a esta fase da temporada como a única equipa da I Liga que ainda não perdeu nenhum jogo (nos dez campeonatos mais cotados da Europa só Juventus e Dortmund conseguem imitar este feito), mas fê-lo, ao contrário do que pode parecer, com um onze-base substancialmente diferente daquele que se apresentou de forma brilhante na segunda metade da última época. Esta ideia, de uma equipa parcialmente nova, tem sido várias vezes repetida por Abel Ferreira, mas ganhou maior mediatismo depois de o treinador a ter reforçado após o triunfo (1-0) com o Sporting. “Se olharmos para a equipa que tem jogado, e para o onze-base da época passada, há várias alterações. Alguns distraídos esquecem-se disso, mas eu acredito, sobretudo, no processo. Sofremos grandes mudanças,sobretudonomeiocampo. Comprámos um motor novo e estamos a rodá-lo”, afirmou Abel Ferreira.
A revolução na equipa afetou todos os sectores, mas há um, em especial, que mereceu a maior das atenções do treinador neste primeiro ciclo da temporada: o meio-campo. Abel Ferreira viu partir Vukcevic, Danilo e André Horta, tendo recebido, de António Salvador, Palhinha, Claudemir e João Novais. Estes dois últimos conquistaram a titularidade nos últimos jogos, durante os quais já mostraram um nível de entendimento superior ao evidenciado no arranque da época – com os resultados coletivos que se conhecem. Sinal, segundo o treinador, de que o trabalho está a ser bem feito e que tão importante como a qualidade dos jogadores é aquilo a que costuma chamar de “processo”, ou seja, a forma de jogar da equipa.
Na defesa, as lesões de Matheus e Raúl Silva obrigaram a lançar Tiago Sá e Pablo Santos, enquanto a partida de Jefferson foi colmatada com a promoção de Sequeira. Na frente, Dyego Sousa também conquistou a titularidade, que pertencia a Paulinho.
Feitas as contas, são seis diferenças no onze-base (como se pode constatar no quadro aqui ao lado), mais de meia equipa, algo que, nos outros três candidatos ao título, só tem paralelo no Sporting – Peseiro tem utilizado sete jogadores que não eram titulares na última época. No Benfica e FC Porto as mudanças têm sido mais circunstanciais, com três jogadores novos no onze, algo que ajuda a reforçar o estatuto de principais candidatos ao título desta dupla que tem dominado o futebol português nos últimos anos.