O Jogo

“Título do ano passado soube-me a pouco”

Avançado antecipa em O JOGO o regresso da equipa que esmagava rivais em 2017/18 e quer viver por dentro a festa de campeão

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A ascensão vertiginos­a do portista no futebol luso só estará completa quando concretiza­r o objetivo de chegar à Seleção Nacional. Antes, contudo, pretende afirmar-se no FC Porto e ser campeão no relvado

BRUNO FILIPE MONTEIRO

O momento do FC Porto, a derrota com o Benfica, o arranque da participaç­ão na Taça de Portugal, as ambições pessoais ou o drama dos salários em atraso no Espinho foram temas abordados na entrevista exclusiva de André Pereira a O JOGO. Quatro páginas de respostas que exibem as três facetas do avançado: a de jogador, adepto e pessoa. Já conquistou uma Supertaça, marcou pela equipa principal, estreouse na Champions, participou no primeiro clássico… Falta alguma coisa a este ano?

— Falta... Ainda falta muita coisa.

O quê?

— Falta afirmar-me como titular do FC Porto e tenho uma grande ambição de chegar à Seleção Nacional. Mas sei que tenho de alcançar o primeiro para poder chegar ao segundo. É difícil chegar à Seleção Nacional não sendo titular de um clube. Mas pronto, se o míster [Fernando Santos] achar que não é necessário esse estatuto, estarei aqui para ajudar.

E no plano coletivo? — Sou sincero: fui campeão na época passada, mas soubeme a pouco. Só joguei três minutos e, ainda por cima, não estava cá. Estar em Setúbal e ver as pessoas a festejar... Quero muito, muito ganhar o campeonato para sentir essa experiênci­a e esses momentos.

A derrota com o Benfica tornou-o mais difícil?

— Não facilitou em nada... Foram três pontos que perdemos para um rival, mas o campeonato é muito longo. Isto não é como começa, mas sim como acaba. Temos todas as possibilid­ades de ganhar o bicampeona­to.

Como têm sido os dias após o desaire na Luz? Os atletas costumam dizer que gostavam de jogar logo a seguir a uma derrota e o FC Porto só jogará volvidos quase 15 dias...

— Já é a segunda vez que isso acontece, porque com o V. Guimarães também tivemos uma pausa para jogos das Seleções. Viver dentro de derrotas não faz parte deste clube e o que mais queremos é dar logo uma resposta positiva e ganhar o próximo jogo. Os dias têm sido duros, mas temos trabalhado bem, o míster [Sérgio Conceição] tem-nos falado de coisas importante­s que temos de melhorar e acredito que vamos conquistar os três pontos nos próximos jogos. Ele disse que seria a nossa última derrota e o grupo acredita nisso. Estamos focados nisso e queremos ter uma série muito positiva de resultados.

Na época passada a equipa sofreu a primeira derrota à 26.ª jornada e nesta leva duas em sete jornadas. A que se deveu este arranque?

— Não sei. Todas as equipas têm fases e o futebol é feito de muitas nuances. Nem sempre a bola entra. Na época passada, o FC Porto chegava ao intervalo a ganhar por três ou 4-0 e cilindrava todas as equipas. Apesar de o fio de jogo ser o mesmo, a bola não tem entrado e isso não tem facilitado as coisas. Além disso, há o caso de um penálti que poderia ter acontecido e que mudaria a corrente do jogo ou um lance que foi à trave e que permitiu a reação das equipas adversária­s, que, diga-se, têm cada vez mais qualidade, são cada vez mais organizada­s e criam mais perigo aos grandes. Por isso, o foco tem de estar sempre a 120 por cento. São fases. Vamos voltar a ser aquela equipa esmagadora que éramos no ano passado.

Nota alguma descompres­são por parte de quem integrou o plantel por ter sido campeão?

— Não. Sinto a mesma ambição de sempre. Se não tivessem essa ambição, não estariam com o míster Sérgio [Conceição] ou no clube. Descompres­são é uma palavra que não entra neste clube.

Como é que o grupo encarou as críticas feitas a algumas exibições e que, inclusive, levaram Sérgio Conceição a fazer uma defesa pública da equipa?

— Bem. Somos jogadores profission­ais e estamos habituados à crítica. Isso passa-nos um pouco ao lado...

Mas sentem que são justas ou injustas?

— Injustas. As pessoas que estão de fora não trabalham aqui diariament­e e não sofrem o que nós sofremos. Às vezes, parece tudo fácil e que somos nós que não queremos, mas isso não é verdade. Trabalhamo­s muito duro para ter os resultados que queremos. Por vezes, isso não acontece, mas é como dizia: são fases e tem tudo para mudar.

ANDRÉ PEREIRA “Isto não é como começa, mas sim como acaba. Temos todas as hipótese de ganhar o bicampeona­to”

“O treinador disse que a derrota com o Benfica seria a última e o grupo acredita nisso”

“Vamos voltar a ser aquela equipa esmagadora que éramos no ano passado”

“As pessoas que estão de fora não sofrem o que nós sofremos. Às vezes, parece tudo fácil e que somos nós que não queremos, mas isso não é verdade”

“Não há muitos jogadores no balneário que tenham ganho a Taça de Portugal e queremos muito vencer esse título”

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