NÃO HÁ DIREITO? Tem de haver direito
ão o digo em defesa do Benfica. O modo como o Benfica se tem comportado, os indícios que deixa entrever sobre a sua praxis habitual e a própria gestão que fez dos vários casos em que se deixou envolver nos últimos anos despertam bastante mais a minha face julgadora do que a protetora. Tentarei continuar a ver o assunto ao arrepio das tentações de ambas. Portanto, digo-o sobretudo em defesa do que resta da ideia de ordem no mundo, e também daquilo que se perdeu e urge recuperar. Se a Google, a Automattic ou qualquer outra fornecedora de espaços de alojamento ou processamento de dados não podem proporcionar os elementos com que uma eventual vítima de violação de correspondência, difamação ou afins possa defender os seus interesses em tribunal, como decretou o juiz americano que avaliou o caso do Benfica, de que espécie de proteção pode um cidadão, uma empresa, um clube de futebol ou um país julgar que goza? Para mais se, ainda por cima, não pode acionar, em vez dos autores das supostas denúncias e/ou dos supostos abusos, os próprios alojadores? Posso perceber que, à luz dos critérios hoje em jogo, incluindo os respetivos precedentes e âmbitos legais, tanto a Google como a Automattic mantenham alegações suficientemente plausíveis para poderem continuar a preservar o segredo. Mas então urge trabalhar a legislação e os pressupostos em que esta assenta. A internet não pode ser o offshore da informação, onde todos digam o que julguem conveniente, mas ninguém possa sequer identificá-los. Mesmo quem não tenha razão tem direito a uma defesa. E quem a tenha, evidentemente, também. Forma: é disso que estamos a falar. Agora, se o Benfica está ou não a jogar as fichas todas na forma por não ter estratégia para o conteúdo, isso já é outra conversa.