QUANDO QUIS O PONTINHO FOI UM PROBLEMA
DURO Vitória tinha dito que o Benfica não iria jogar para o empate e cumpriu... em parte. As pernas cederam na etapa final e o Ajax não perdoou. Vida difícil na Champions
Conti cometeu um erro imperdoável nos últimos instantes e os holandeses fixaram o resultado final num remate de Mazraoui que ainda tocou em Grimaldo e traiu Vlachodimos, o melhor das águias
Grande noite de futebol em Amesterdão. Foi 1-0 à beira do fim, depois de um erro imperdoável de Conti, que até tinha tirado um golo ao adversário, mas poderia ter sido um 2-2 ou 3-2 ou 3-3... – tal o número de oportunidades de golo de uma e outra equipa –, que ninguém estranharia depois do que se viu. Um espetáculo aberto, olhos nos olhos, com uma dinâmica impressionante desde os primeiros instantes. O Benfica complicou o futuro na competição, necessitando agora de ganhar os três jogos que faltam disputar para não depender de ninguém no que à Champions diz respeito.
A precisar do resultado, os lisboetas não se encolheram e cedo foram para cima do adversário. Aos 2’, Rafa dava o primeiro sinal, deixando desconfortável o Ajax e, três minutos depois, Salvio decidiu mal ao tentar o passe em vez de rematar à baliza quando se encontrava em posição privilegiada para marcar. Estes dois lances, importantes para impulsionar as águias, revelaram também os problemas defensivos do Ajax. A aposta de Rui Vitória em Rafa, em vez de Cervi, teve muito a ver com este pressuposto, pois era preciso atacar as costas da defensiva holandesa e o antigo jogador do Braga fê-lo bem, explorando os espaços concedidos e imprimindo velocidade ao futebol das águias. Muitas das iniciativas do ataque tiveram a sua marca. Na direita, Salvio foi criando desequilíbrios, embora nem sempre tomasse as melhores decisões. Mais atrás, Fejsa ia resolvendo os problemas, colmatando inclusive a falta de intensidade de Pizzi e Gedson, sobretudo na segunda parte. O desempenho global, colocava, no entanto, o adversário em sentido.
Mas se o Benfica atacou muito, o Ajax ripostou, devolvendo também com lances perigosos a audácia dos portugueses. A equipa holandesa foi rápida a chegar à baliza de Vlachodimos e intensa na procura da bola, explorando sempre bem as alas, com Ziyech e Tadic, em bom plano, a servirem Dolberg. Erik Ten Hag, treinador, tem o mérito de não abandonar o esquema habitual (4x2x3x1), às vezes vertiginoso, é certo, em função do adversário, e foi feliz somando mais três pontos nesta corrida pelos milhões.
O Benfica, é verdade, perdeu algum equilíbrio na segunda parte, embora não se tivesse escondido do jogo. As saídas para o ataque foram mais esporádicas, devido ao desgaste de Pizzi e Gedson, aliás, o 21 acabaria mesmo por ser substituído por Gabriel, sem resultados práticos, diga-se. O Ajax, mais fresco, foi mais intenso, não tirou a baliza dos olhos continuando a rondar a área encarnada. Vlachodimos foi respondendo a grande altura, vencendo quase todos os duelos. E até voou para o último, após o remate de Mazraoui, mas a bola resvalou num pé de Grimaldo e traiu o grego. Nada a fazer para quem merecia muito mais.
O Benfica não foi a Amesterdão jogar para o “pontinho” como preconizou Rui Vitória na conferência de Imprensa de antevisão da partida, mas na etapa final, já se estava a fechar para tentar garantir o tal empate e ter oportunidade de na próxima jornada passar para a frente do Ajax. Os holandeses não desistiram e acabaram premiados. Agora, não é apenas o fantasma de Béla Guttamann a pairar no ar.
As águias contam com o fantasma de Amesterdão, pois foi no Johan Cruyff Arena, em 2013, que o Benfica, na altura orientado por Jorge Jesus, perdeu a final da Liga Europa diante do Chelsea e, imaginese, com um golo aos... 92 minutos.