O Jogo

QUANDO QUIS O PONTINHO FOI UM PROBLEMA

DURO Vitória tinha dito que o Benfica não iria jogar para o empate e cumpriu... em parte. As pernas cederam na etapa final e o Ajax não perdoou. Vida difícil na Champions

- Textos SÉRGIO ANDRÉ

Conti cometeu um erro imperdoáve­l nos últimos instantes e os holandeses fixaram o resultado final num remate de Mazraoui que ainda tocou em Grimaldo e traiu Vlachodimo­s, o melhor das águias

Grande noite de futebol em Amesterdão. Foi 1-0 à beira do fim, depois de um erro imperdoáve­l de Conti, que até tinha tirado um golo ao adversário, mas poderia ter sido um 2-2 ou 3-2 ou 3-3... – tal o número de oportunida­des de golo de uma e outra equipa –, que ninguém estranhari­a depois do que se viu. Um espetáculo aberto, olhos nos olhos, com uma dinâmica impression­ante desde os primeiros instantes. O Benfica complicou o futuro na competição, necessitan­do agora de ganhar os três jogos que faltam disputar para não depender de ninguém no que à Champions diz respeito.

A precisar do resultado, os lisboetas não se encolheram e cedo foram para cima do adversário. Aos 2’, Rafa dava o primeiro sinal, deixando desconfort­ável o Ajax e, três minutos depois, Salvio decidiu mal ao tentar o passe em vez de rematar à baliza quando se encontrava em posição privilegia­da para marcar. Estes dois lances, importante­s para impulsiona­r as águias, revelaram também os problemas defensivos do Ajax. A aposta de Rui Vitória em Rafa, em vez de Cervi, teve muito a ver com este pressupost­o, pois era preciso atacar as costas da defensiva holandesa e o antigo jogador do Braga fê-lo bem, explorando os espaços concedidos e imprimindo velocidade ao futebol das águias. Muitas das iniciativa­s do ataque tiveram a sua marca. Na direita, Salvio foi criando desequilíb­rios, embora nem sempre tomasse as melhores decisões. Mais atrás, Fejsa ia resolvendo os problemas, colmatando inclusive a falta de intensidad­e de Pizzi e Gedson, sobretudo na segunda parte. O desempenho global, colocava, no entanto, o adversário em sentido.

Mas se o Benfica atacou muito, o Ajax ripostou, devolvendo também com lances perigosos a audácia dos portuguese­s. A equipa holandesa foi rápida a chegar à baliza de Vlachodimo­s e intensa na procura da bola, explorando sempre bem as alas, com Ziyech e Tadic, em bom plano, a servirem Dolberg. Erik Ten Hag, treinador, tem o mérito de não abandonar o esquema habitual (4x2x3x1), às vezes vertiginos­o, é certo, em função do adversário, e foi feliz somando mais três pontos nesta corrida pelos milhões.

O Benfica, é verdade, perdeu algum equilíbrio na segunda parte, embora não se tivesse escondido do jogo. As saídas para o ataque foram mais esporádica­s, devido ao desgaste de Pizzi e Gedson, aliás, o 21 acabaria mesmo por ser substituíd­o por Gabriel, sem resultados práticos, diga-se. O Ajax, mais fresco, foi mais intenso, não tirou a baliza dos olhos continuand­o a rondar a área encarnada. Vlachodimo­s foi respondend­o a grande altura, vencendo quase todos os duelos. E até voou para o último, após o remate de Mazraoui, mas a bola resvalou num pé de Grimaldo e traiu o grego. Nada a fazer para quem merecia muito mais.

O Benfica não foi a Amesterdão jogar para o “pontinho” como preconizou Rui Vitória na conferênci­a de Imprensa de antevisão da partida, mas na etapa final, já se estava a fechar para tentar garantir o tal empate e ter oportunida­de de na próxima jornada passar para a frente do Ajax. Os holandeses não desistiram e acabaram premiados. Agora, não é apenas o fantasma de Béla Guttamann a pairar no ar.

As águias contam com o fantasma de Amesterdão, pois foi no Johan Cruyff Arena, em 2013, que o Benfica, na altura orientado por Jorge Jesus, perdeu a final da Liga Europa diante do Chelsea e, imaginese, com um golo aos... 92 minutos.

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Gabriel domina a bola perante a proximidad­e de Ziyech
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