Liderança “impensável” tem a marca de Fernando
Clube da Figueira da Foz renasceu na época passada e subiu de pronto à Divisão de Honra da AF Coimbra, campeonato que lidera com a ajuda de uma referência dos tempos da I Liga
O central de 44 anos, voltou na última época aos relvados para fazer renascer os figueirenses. Presidente da Associação Naval 1893 ambiciona voltar ao Municipal José Bento Pessoa
A suspensão do futebol, decisão tomada na época passada, foi o epílogo de uma longa espiral de decadência da Naval 1.º de Maio. Para trás ficaram as seis temporadas consecutivas na I Liga de um clube que se afogou em dívidas e processos. Foi também em 2017 que nasceu a Associação Naval 1893, emblema que inscreveu o futebol sénior na I Divisão da AF Coimbra. O título distrital – e consequente subida à Divisão de Honra – foi um brilharete no ano de estreia, mas a “nova” Naval parece querer mais, já que, em quatro jornadas da Divisão de Honra, o conjunto da Figueira da Foz venceu três e empatou uma, liderando a prova. Os figueirenses são capitaneados por Fernando, central brasileiro que esteve ligado aos momentos mais dourados dos últimos anos da agora extinta Naval, como as meias-finais da Taça de Portugal (2002/03) ou a subida à I Liga em 2004/05. Até aqui nada de extraordinário, não fosse Fernando ainda pisar os
relvadoscom uns pouco usuais 44 anos para um jogador de futebol, desporto que voltou a praticar na temporada passada depois de ter terminado a carreira em 2014. “Senti que devia ajudar a Naval. Estabeleci-me na Figueira da Foz, onde fiz família, e adotei a cidade como a minha casa. Sinto-me útil e bem fisicamente”, acrescenta o brasileiro que não esconde a mágoa pelo que aconteceu ao clube. “Custou-me imenso ver a Naval acabar e custa-me ver o estádio degradado. Esta nova Naval mudou o nome, masosentimentoéomesmo”, atira. No balneário, Fernando lidera jovens que o viram jogar. “Tenho colegas de equipa que eram apanha-bolas nos tempos da I Liga ou que iam aos jogos com os pais e tinham três ou quatro anos. Isso é engraçado e motivante para mim”, explica. Para Fernando, a liderança atual era “impensável”. “O nosso objetivo é a permanência. Subida? Olhe, seria uma boa maneira de acabar a carreira devolvendo a Naval aos campeonatos nacionais”, refere Fernando, que também é elogiado pelo treinador José Godinho. “Conhece muito bem o jogo e é um profissional extraordinário”, avalia.
Projeto tem dificuldades
“Tenho colegas que eram apanhabolas nos tempos da I Liga ou que iam aos jogos com os pais e tinham três e quatro anos”
Fernando Capitão da Naval
Paulo Bispo preside à Naval 1893, que tem cerca de 200 sócios. Os apoios, diz o dirigente, “são muito escassos” e há uma “grande dificuldade” para captar patrocínios. Além disso, Paulo Bispo refere que o campo de treinos do Estádio Municipal José Bento Pessoa, onde os figueirenses jogam, está “sobrelotado”, mas há perspetivas de, brevemente, a Naval voltar a casa. “O município colocou a concurso público a substituição do relvado do estádio por um sintético”, revela. Com isso, o clube poderá ganhar adeptos. “O espaço atual, que não tem bancada, não oferece condições para assistir aos jogos”, lamenta.