O Jogo

NA SOMBRA DE DOIS MONSTROS

Desde 2002 que “El Clásico” tem sempre golos. Ineficácia do Real sem o CR7 e a Messidepen­dência do Barça podem compromete­r a tradição

- CARLOS ALBERTO FERNANDES

Arquirriva­is estão entre as seis equipas mais rematadora­s das Big 5, mas, juntas, há 13 anos que não marcavam tão pouco, Messi, ausente, vale 52% dos golos blaugrana. O Real tem a eficácia do... Huesca

O 238.º duelo oficial entre Barcelona e Real Madrid ocorre no Camp Nou numa fase de transição, pós-CR7, com La Liga muito mais nivelada do que as anteriores, ao fim de nove rondas. Num primeiro olhar sobre o desempenho estatístic­o, os dois históricos de Espanha mantêm a supremacia e estão, inclusive, entre as (seis) equipas com mais remates e posse de bola dos cinco principais campeonato­s. Porém, o índice de eficácia está muito longe do registado nas pretéritas temporadas. Sobretudo o de merengues, a quem a saída de Ronaldo custou uma quebra dos 13,5% para 7,9% de eficácia

Desde um nulo no Camp Nou, em 2002, já com Luís Figo a vestir a camisola dos “inimigos” blancos, realizaram-se 46 partidas entre os arquirriva­is, sempre com golos. Mas esse é um bem mais escasso na época em curso, de tal forma que os merengues estiveram cerca de sete horas e meia sem um único tiro certeiro – uma das maiores secas da sua história. E não foi por falta de tentativas: o conjunto de Lopetegui somou 164 rematesemn­ovejogos,masapenas concretizo­u 13 vezes, ou seja, tem um índice de eficácia (7,9%) comparável ao do lanterna vermelha, o Huesca (7,5%). É a diferença entre ter ou não ter Ronaldo. Os merengues mantiveram os 18 rema-

tes por jogo da época passada, mas não conservara­m a qualidade dos disparos. Há 17 anos que não marcavam tão pouco (em nove rondas).

Os golos dos dois rivais somados dão o valor (36) mais baixo da última década, porém a crise é menos aguda do lado blaugrana. Mas mesmo o Barça só frente ao Sevilha (4-2) sacudiu a tensão, após quatro jogos sem vencer. Verifica-se também um ligeira quebra de eficácia, mas há um selo de qualidade argentino anticolaps­o.

Antes de abandonar o relvado com o braço fraturado, do qual continuará a recuperar durante mais duas semanas, Messi já tinha “orientado” o triunfo culé frente à equipa de André Silva, rubricando o seu sétimo golo na prova, a somar a cinco assistênci­as. Ou seja, dos 23 tentos da equipa de Valverde, 12 (52%) têm o cunho de La Pulga. É certo que na Champions, frente ao Inter, a ausência do astro argentino foi disfarçada, inclusive pelo substituto-surpresa Rafinha, mas a sua influência na produção coletiva e eficácia tem proporções gigantesca­s. A Messidepen­dência tem vindo a acentuar-se.

Este é por isso um clássico na sombra dos dois grandes monstros que se defrontara­m pela última vez há cinco meses, neste anfiteatro blaugrana, com ambos a contribuír­em para o 2-2 final. A espada de Dâmocles pende sobre a cabeça de Julen Lopetegui, de volta a Barcelona – onde foi pouco feliz como jogador –, obrigado a trazer os merengues de volta à vida, saindo do estado vegetativo.

“Antes de Cristiano Ronaldo e Lionel Messi já havia leitões a voar” Ernesto Valverde Treinador do Barcelona

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