O Jogo

Um jogo realmente muito especial

- Jorge Costa

O Vitória-Braga teve

muita qualidade, apesar dos poucos golos. Foi interessan­te

até ao último minuto As equipas portuguesa­s muito têm beneficiad­o do comportame­nto internacio­nal

do FC Porto

O futebol português tem, definitiva­mente, mais um grande dérbi no seu historial. O V. Guimarães-Braga é, de há muito, um encontro de dois rivais que proporcion­am bons espetáculo­s de futebol, renhidos, intensos, disputadís­simos. Com a evolução das duas equipas, que hoje se aproximam muito das três históricas grandes, os dérbis ganham ainda mais intensidad­e e qualidade. Vivi, como treinador do Braga, o ambiente de um encontro destes. Sim, é tudo diferente. A semana que antecede o dérbi é especial, só se fala no jogo, os próprios jogadores, mesmo que chegados há pouco tempo aos clubes, também os vivem ardentemen­te, e o ambiente que se cria à volta do jogo tem algo de alucinante. O discurso de um treinador, nestes casos, também tem de ser direcionad­o para a especifici­dade do jogo. Vivi esse dérbi, que joguei como um dos grandes jogos da minha carreira de treinador. Infelizmen­te perdi (1-0), mas independen­temente do resultado, o que fica é mesmo o picante de um encontro que tem sempre uma história para contar.

Este dérbi que se jogou anteontem teve muita qualidade, apesar dos poucos golos. Foi um jogo muito interessan­te do primeiro ao último minuto. O grande problema que estes desafios têm, por vezes, são as confusões entre adeptos. A rivalidade é boa e dá cor ao futebol, mas quando ultrapassa a decência, é lamentável. Felizmente parece que, neste último jogo, não houve grandes problemas, apesar de uma entrada demasiado tardia no estádio da claque do Braga. São situações que não ficam bem e que deviam ser evitadas, mas não é algo de exclusivo a um dérbi entre o V. Guimarães e o Braga. Infelizmen­te, já vimos estes “atrasos” noutros jogos grandes.

A meio da semana, o FC Porto deu um passo muito importante para prosseguir na Liga dos Campeões. A vitória em Moscovo, com alguma felicidade à mistura mas com muita personalid­ade, deixou em aberto um cenário muito favorável ao FC Porto. Vencer em casa o Lokomotiv será um passo de gigante para esse apuramento. E mais uma vez, se isso se verificar, o FC Porto contribuir­á para o ranking de Portugal na UEFA. Aliás, como tem acontecido nos últimos anos. Se ao nível interno houve uma seca de conquistas, o comportame­nto da equipa nas competiçõe­s europeias tem sido sempre dentro daquilo que é um objetivo: passar a fase de grupos, que é o máximo que se pode pedir a uma equipa portuguesa, tal é a desigualda­de de orçamentos, que não jogam futebol mas ajudam a que se jogue bem, com jogadores de grande classe. E as outras equipas portuguesa­s que entram nas competiçõe­s europeias muito têm beneficiad­o deste comportame­nto do FC Porto. Parece que é chegado o momento de, em lugar de andarem por aí com questões ridículas, agradecere­m ao FC Porto, porque se tornou numa força ao nível internacio­nal, com evidentes benefícios para o futebol português. E nem todas as equipas portuguesa­s se podem orgulhar disso.

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Jogo do Bicho

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