O risco de letargia e desânimo em Alvalade
OSporting corre o risco de entrar num ciclo profundamente negativo. Esta será a última vez que falarei publicamente de José Peseiro e espero sinceramente que o mesmo consiga dar a volta ao texto e colocar a equipa no trilho certo. Mas não ficaria bem com a minha consciência se não me pronunciasse publicamente sobre os recentes desempenhos da equipa de futebol e do seu treinador.
Não vou estar com rodeios: os últimos desempenhos da equipa do Sporting são absolutamente medíocres e não estão à altura do clube e da qualidade de alguns dos seus atletas. É uma sequência de jogos em que a equipa se tem afundado em equívocos e os números dizem isso mesmo. Desde a receção ao Marítimo que a equipa sofre consecutivamente golos, incluindo contra o Loures, uma equipa do Campeonato de Portugal. De entre os primeiros seis classificados, a equipa tem a segunda pior defesa e o pior ataque, tendo menos 5 golos marcados que o Santa Clara e 7 que o Braga!!! Mas queremme convencer de que o Braga tem melhor jogadores que o Sporting?! Ou de que o Santa Clara tem melhores soluções ofensivas que as que estão à disposição de José Peseiro?!
Contra o Arsenal – num dos desempenhos europeus mais medíocres nos últimos anos em Alvalade –, o Sporting não fez um remate enquadrado à baliza. O nível de jogo da equipa é paupérrimo, sem ligação, os sectores jogam muito afastados, as individualidades não sobressaem e os erros acumulam-se. Perante este cenário, José Peseiro refugiase em chavões, frases feitas e banalidades. Um treinador do Sporting não pode ficar satisfeito – perante nenhum adversário – no final de um jogo em casa em que não consegue criar uma única oportunidade de golo digna desse nome! A equipa lutou mas não jogou futebol. Peseiro quis um pontinho, ignorando que estes jogos são a oportunidade ideal para a equipa crescer futebolisticamente. Jogou para o empate e foi penalizado.
José Peseiro leu muito bem as necessidades da equipa nas suas primeiras semanas no clube, mas tem-se afundado nos seus receios e, com isto, tem arrastado a equipa para um registo de absoluta mediocridade. A equipa joga sem intensidade e alegria, correndo-se o risco, se nada for feito, de o clube entrar num estado letárgico, que tem de ser combatido. Uma equipa com Nani, Bruno Fernandes, Raphinha, Jovane, Bas Dost e Montero tem de jogar outro tipo de futebol. Pode não chegar para ser campeã, mas chega e sobra para a esmagadora maioria das equipas do campeonato português. É preciso, aliás, que se diga que a equipa tem atualmente mais soluções ofensivas que Jorge Jesus a época passada, as quais se resumiam a Dost e Gelson.
O Sporting precisa de lutar com todas as suas forças por um lugar na Champions e tem de lançar as bases para a efetiva reconstrução da equipa. Isto exige um treinador com arrojo, ambição e coragem para lançar jovens jogadores e rentabilizar ativos. José Peseiro merece o nosso respeito, mas ou entende esta realidade ou deixará inexoravelmente de ter condições para manter o comando técnico do Sporting. Estando ciente de que os problemas do Sporting não se resolvem com a substituição de um treinador, não é menos verdade que a mola real do clube é a sua equipa de futebol e não existe margem para uma época totalmente falhada em termos desportivos e financeiros.
Uma nota final. Rui Vitória é dos treinadores que me recordo com melhor Imprensa. Senhor de um tremendo mau perder, RV gosta de crescer nas conferências de Imprensa sempre que as coisas não lhe correm de feição. Afirmar que é o treinador com melhor rácio de vitórias na Champions depois de colecionar 9 derrotas em 10 jogos é digno de entrar no anedotário nacional.
O nível de jogo é paupérrimo, sem ligação, os sectores jogam muito afastados, os erros acumulam-se. E Peseiro refugia-se em chavões