O Jogo

O risco de letargia e desânimo em Alvalade

- Samuel Almeida

OSporting corre o risco de entrar num ciclo profundame­nte negativo. Esta será a última vez que falarei publicamen­te de José Peseiro e espero sinceramen­te que o mesmo consiga dar a volta ao texto e colocar a equipa no trilho certo. Mas não ficaria bem com a minha consciênci­a se não me pronuncias­se publicamen­te sobre os recentes desempenho­s da equipa de futebol e do seu treinador.

Não vou estar com rodeios: os últimos desempenho­s da equipa do Sporting são absolutame­nte medíocres e não estão à altura do clube e da qualidade de alguns dos seus atletas. É uma sequência de jogos em que a equipa se tem afundado em equívocos e os números dizem isso mesmo. Desde a receção ao Marítimo que a equipa sofre consecutiv­amente golos, incluindo contra o Loures, uma equipa do Campeonato de Portugal. De entre os primeiros seis classifica­dos, a equipa tem a segunda pior defesa e o pior ataque, tendo menos 5 golos marcados que o Santa Clara e 7 que o Braga!!! Mas queremme convencer de que o Braga tem melhor jogadores que o Sporting?! Ou de que o Santa Clara tem melhores soluções ofensivas que as que estão à disposição de José Peseiro?!

Contra o Arsenal – num dos desempenho­s europeus mais medíocres nos últimos anos em Alvalade –, o Sporting não fez um remate enquadrado à baliza. O nível de jogo da equipa é paupérrimo, sem ligação, os sectores jogam muito afastados, as individual­idades não sobressaem e os erros acumulam-se. Perante este cenário, José Peseiro refugiase em chavões, frases feitas e banalidade­s. Um treinador do Sporting não pode ficar satisfeito – perante nenhum adversário – no final de um jogo em casa em que não consegue criar uma única oportunida­de de golo digna desse nome! A equipa lutou mas não jogou futebol. Peseiro quis um pontinho, ignorando que estes jogos são a oportunida­de ideal para a equipa crescer futebolist­icamente. Jogou para o empate e foi penalizado.

José Peseiro leu muito bem as necessidad­es da equipa nas suas primeiras semanas no clube, mas tem-se afundado nos seus receios e, com isto, tem arrastado a equipa para um registo de absoluta mediocrida­de. A equipa joga sem intensidad­e e alegria, correndo-se o risco, se nada for feito, de o clube entrar num estado letárgico, que tem de ser combatido. Uma equipa com Nani, Bruno Fernandes, Raphinha, Jovane, Bas Dost e Montero tem de jogar outro tipo de futebol. Pode não chegar para ser campeã, mas chega e sobra para a esmagadora maioria das equipas do campeonato português. É preciso, aliás, que se diga que a equipa tem atualmente mais soluções ofensivas que Jorge Jesus a época passada, as quais se resumiam a Dost e Gelson.

O Sporting precisa de lutar com todas as suas forças por um lugar na Champions e tem de lançar as bases para a efetiva reconstruç­ão da equipa. Isto exige um treinador com arrojo, ambição e coragem para lançar jovens jogadores e rentabiliz­ar ativos. José Peseiro merece o nosso respeito, mas ou entende esta realidade ou deixará inexoravel­mente de ter condições para manter o comando técnico do Sporting. Estando ciente de que os problemas do Sporting não se resolvem com a substituiç­ão de um treinador, não é menos verdade que a mola real do clube é a sua equipa de futebol e não existe margem para uma época totalmente falhada em termos desportivo­s e financeiro­s.

Uma nota final. Rui Vitória é dos treinadore­s que me recordo com melhor Imprensa. Senhor de um tremendo mau perder, RV gosta de crescer nas conferênci­as de Imprensa sempre que as coisas não lhe correm de feição. Afirmar que é o treinador com melhor rácio de vitórias na Champions depois de colecionar 9 derrotas em 10 jogos é digno de entrar no anedotário nacional.

O nível de jogo é paupérrimo, sem ligação, os sectores jogam muito afastados, os erros acumulam-se. E Peseiro refugia-se em chavões

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Rugidos do leão

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