LEÃO RANGE OS DENTES E FINTA A ADVERSIDADE
APROXIMAÇÃO A contestação a Peseiro fez-se sentir ainda antes do apito inicial. A resposta em campo não foi contundente, mas rasgos individuais valeram três pontos
O triunfo que é, apesar de tudo, incontestável, potencia os desaires de Benfica e Braga e permite acelerar na perseguição. Fio de jogo ainda ausente. Reação axadrezada pouco mordaz para surtir efeito Foi um Sporting com um futebol ainda pouco estruturado e sujeito às críticas que, numa primeira instância, chegam desde logo das bancadas, que conquistou um triunfo importante sobre o Boavista, numa ronda em que Braga e Benfica tinham tropeçado. Garantido, assim, o principal objetivo dos leões dada a atual conjuntura: acelerar na perseguição ao topo da tabela, aproveitando os desaires dos rivais. Não foi, porém, comum a resposta contundente que a equipa reagiu ao ambiente adverso a que José Peseiro fizera menção na véspera, na antecâmara da receção ao Boavista. Bem pelo contrário: há ainda um rol de casualidades e ocorrências fortuitas que pautam o jogo dos leões e foi, uma vez mais, à custa de rasgos individuais, que o Sporting reclamou a vitória, esta sem margem para contestação.
Ainda antes do jogo, quando estava ser anunciado o escalonamento dos jogadores para a partida que se seguiria, foi tão ruidosa a celebração do regresso de Bas Dost aos convocados – que seria repetida e enfatizada com a entrada do holandês em campo, aos 78’ – como as vaias com que foi brindado o nome de José Peseiro. Ficou, logo à partida, demonstrado o clima muitas vezes adverso a que se referia o técnico quando confrontado com a declaração do presidente Frederico Varandas que já estava a preparar a próxima época e que pretendia sempre os melhores jogadores e os melhores treinadores.
Mas vamos a factos: Mathi eu regressou e voltou a formar dupla com Coates no eixo da defesa leonina; Diaby foi aposta para a direita, onde o trunfo velocidade foi sendo vincado com o decorrer do jogo, e em crescendo; do outro lado, Rafael Lopes ia deixando a defesa da casa em sentido, assim como Mateus, partindo da esquerda do ataque boavisteiro. Os axadrezados, de resto, começaram por fazer valer a sua lei, aproveitando a evolução engasgada do futebol dos leões, que se ressentem muito da quebra de forma de Bruno Fernandes – assim como da ausência de William, que era o primeiro construtor de jogo nos últimos anos, com uma articulação, precisão e clarividência que Battaglia e Gudelj estão longe de poder emprestar. O perigo ia sendo criado aos repelões e por iniciativas individuais, a bola raramente chegava a Montero, supostamente referência do ataque. Quando chegou, o colombiano fez uma maldade a David Simão e Edu Machado e deu o golo a Nani, que não se fez rogado.
O intervalo chegou, Jorge Simão mudou – configurou a equipa em 4x4x2, subindo Fábio Espinho para o lado de Rafael Lopes, derivando Rochinha para a esquerda e Matheus Índio à direita –, o Boavista esboçou a reação, mas foi o Sporting a resolver a contenda: num lance que foi o mais aproximado de articulação coletiva que se viu ontem, fez o 2-0; e novamente por Nani, fechou a contagem. Peseiro, e a equipa, ganharam fôlego para uma resposta mais cabala o adverso.