O Jogo

DEIXEM O LITO EM PAZ

- MÓNICA SANTOS

Vencer valia o salto para a zona tranquila, mas o Tondela nunca foi uma ameaça a valer e o Vitória de Setúbal foi simplesmen­te melhor a construir a vantagem e a defendê-la

“Ó Lito Vidigal, as tuas equipas são sempre iguais!” A festa visitante no relvado parecia ter durado uma eternidade e, quando já quase todos os que vestiam de verde e amarelo haviam saído, a frustração de uma voz na bancada do Tondela soltou-se a plenos pulmões. Mais do que uma crítica, soou a desabafo. Muitos, por esses campos fora, já foram vítimas do cinismo do futebol do atual treinador do V. Setúbal, no entanto, seria injusto reduzir o mérito da vitória de ontem a esse predicado. Foi, sobretudo, a capacidade de ser solidário a orientar o visitante, que entrou em campo a digerir a perda do melhor marcador, Berto – dos três golos ao Moreirense –, lesionado num joelho, na véspera, e substituíd­o na direita do ataque por Alex Freitas. À meia hora, Lito Vidigal perdeu também o lateral-direito André Sousa (joelho esquerdo), mas, nesse caso, em vez de um estreante na Liga valeu-se da experiênci­a de Nuno Pinto para suster as tentativas de sair do fundo da tabela que moviam e, ao mesmo tempo, empastelav­am os movimentos do Tondela. O Vitória pressionou q.b., alicerçado num meio-campo sólido, de onde saiu o passe que lançou Mendy para o primeiro golo, uma corrida que deixou Joãozinho no chão, antes do atraso para o remate de Semedo. A bola ainda bateu em Ícaro, mas já tinha o destino traça- do. O central do Tondela tentou corrigir o marcador e esteve por duas vezes perto da igualdade, mas ultrapassa­r Joel Pereira não foi fácil.

Pepa mexeu ao intervalo, mas o investimen­to no ataque trouxe para a relva esse lado prático que tantos abominam nas equipas de Lito Vidigal: solidário a defender, o Vitória deixou bem claro procurar um segundo golo para resolver a partida. Encontrou-o a um quarto de hora do fim, num livre de Nuno Pinto com emenda de Mendy. O jogo entrou, então, numa fervura que deixou o árbitro João Malheiro Pinto em pânico, e mais ainda depois de Tomané reduzir, num livre de Xavier. Muitas faltas, discussões e algum antijogo depois, tudo terminou, com o Tondela de volta aos dias de crise, com uma vitória em oito jornadas e os sadinos voltaram ao Estádio do Bonfim a saborear a primeira vitória fora, sete meses depois.

“Precisamos de ter paciência com bola. O presidente está descontent­e, estou eu, estão os jogadores; estamos todos” Pepa Treinador do Tondela

“Jogo fantástico. Assumimos a partida com qualidade. Depois do golo, ficou muito quezilento e partido” Lito Vidigal Treinador do Vitória de Setúbal

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Sérgio Peña, do Tondela, perde num duelo com Nuno Valente

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