Óliver, Nani e o veludo

A última ronda da I Liga trouxe consigo um novo líder – o campeão em título FC Porto –, mas também, e muito, o requinte aveludado que sai em torrentes das chuteiras de Óliver e Nani. Se o futebol do último é velho conhecido cá no retângulo, o primeiro também o deveria ser, não fossem as intermitências que têm adiado uma e outra vez a afirmação total e absoluta do espanhol, que vai na quarta temporada em defesa dos dragões. Na vitória portista sobre o Feirense, que elevou os azuis e brancos ao topo, o criativo de 23 anos infundiu fluidez, direção e cores garridas ao ataque do esquadrão de Sérgio Conceição, mostrando quão sua pode ser a posição oito, justamente aquela em que o rival da Luz vem acusando dores de definição ao longo desta temporada. Depois de usurpar o posto a Herrera, Óliver está em crescendo, fez a terceira partida consecutiva na condição de titular e mostrou o que já se sabe mas lhe falta espraiar pela grama com maior regularidade: talento. Perdão: muito talento. E se Nani vai na curva descendente do arco da vida – porque a idade não espera por ninguém –, a verdade é que o internacional português aproveita a descida inexorável em pleno, “obrigando” um exibicionalmente frugal Sporting a dar mais de si. Melhor dos leões na vitória com direito a folga por três golos sem direito a resposta sobre os axadrezados da Invicta, Nani partiu para a festa duas vezes ao enviar duas bolas para o fundo da baliza e é já o melhor marcador da I Liga, de mão dada com o bracarense Dyego Sousa. Na terceira aventura pelo reino do leão, o extremo já fez manchetes pelos melhores e piores motivos. Porém, o ralhete e o subsequente castigo que levou – impróprio para os calejados como ele... – após aquela saída intempestiva de campo na Pedreira ficaram escondidos na névoa do esquecimento (pelo menos momentâneo...), com o 17 a injetar vida num Sporting à procura do seu futebol. Anteontem parece ter encontrado parte dele. Faltalhe o resto... que é um enorme pedaço.