O Jogo

O especialis­ta

- Manuel Queiroz

Há uma função em campo nas grandes equipas – mais do que uma posição no campo – que é a do especialis­ta. Há de vários tipos no futebol (o de marcação, ou de roubo de bolas, o de bater as bolas paradas, por exemplo), mas o especialis­ta do golo é o mais importante no jogo. O Benfica tem um, chamado Jonas, que ontem fez funcionar o marcador pela primeira vez na partida essencial frente ao Ajax. Mas teve de sair no início da segunda parte e entrou Seferovic, que é um bom avançado, mas a que ninguém pode chamar um especialis­ta do golo. A sua média anda pelos 6,5/época. Num jogo com poucas ocasiões de golo, Jonas teve uma oportunida­de e não falhou (tinha falhado o guarda-redes Onana, mas isso é da conta do Ajax), enquanto Rafa, Seferovic e Cervi e os outros não tiveram capacidade de definição. Jonas acabou por sair lesionado e depois de Tadic ter empatado creio que o povo da Luz acreditava mais em Onana marcar na própria baliza do que em os avançados do Benfica conseguire­m lá chegar por eles. Foi melhor o jogo de Amesterdão, muito mais aberto. O Ajax impôs uma forma de jogar com grande pressão e poucos espaços. O Benfica foi outra vez pobre, como tinha sido com o Moreirense ou com o FC Porto (mas esse jogo conseguiu ganhá-lo). Pizzi não foi titular pela primeira vez ao fim de 28 jogos europeus, Rafa também deu lugar a Cervi (talvez porque este tem mais golo), Salvio lesionouse e Gabriel também não foi um clarão na Luz. As contas ficam muito difíceis para a equipa de Rui Vitória, mas para quem precisava de ganhar também não arriscou muito. Castillo nem entrou, Ferreyra nem ao banco foi e houve um assomo final que até podia ter dado a vitória mas o Ajax teve mais a bola, impôs o jogo que quis, fez menos faltas, o mesmo número de remates apesar de o treinador Erik ten Hag também ter preferido deixar os pontas de lança no banco para colocar Tadic como homem central do ataque, ele que é um n.º 10. Mas o Ajax só achava que era preciso fazer um golo, o Benfica precisava em princípio mais do que um para ter a certeza da vitória que era essencial para abrir melhores possibilid­ades de continuar na Champions. O Benfica foi consistent­e, bravo, disse Vitória, que lamentou a sorte no último lance. É verdade. Há outras. Como o elevado número de lesões, sobretudo na primeira fase da época, até dezembro, nas suas quatro épocas. E isto não é sorte, é padrão.

As contas ficam muito difíceis para a equipa de Rui Vitória, mas para quem precisava de ganhar também não arriscou muito

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