Pazes depois do susto
Tondela terminou com nove
Águias começaram a perder com autogolo mas deram a volta ao resultado
RUI VITÓRIA
“Reação da equipa mostra a nossa unidade”
PEPA “Primeira expulsão condicionou”
Jonas, Seferovic e Rafa deram corpo a um resultado ajustado à exibição encarnada. Rui Vitória, que não ganhava há quatro jogos, volta a respirar um pouco melhor e a sacudir a contestação dos adeptos
Três pontapés na crise. Foi desta forma que o Benfica resolveu o jogo em Tondela, numa partida onde as águias, ao contrário de compromissos recentes, primaram pela eficácia e, acima de tudo, pela aplicação prática dos processos ofensivos. Os encarnados, que até tremeram logo nos primeiros segundos, quando Conti fez um autogolo, mostraram personalidade e foram atrás da felicidade, exorcizando os fantasmas colecionados nas quatro partidas anteriores em que viu o triunfo fugir-lhe. Três golos, todos nascidos de lances bem trabalhados pelo coletivo e com as individualidades a não complicarem na hora de definir, permitem ao técnico Rui Vitória voltar a respirar um pouco mais à vontade, ele que nas últimas semanas sentiu a corda da contestação apertar-se-lhe no pescoço.
Após o “póquer” de jogos sem vencer (dois frente ao Ajax e perante Belenenses e Moreirense), que colocou nas costas de Rui Vitória um coro de assobios dos seus próprios adeptos, o Benfica “só” podia vencer em Tondela para ver o seu barco sobreviver à tormenta. Sabendo que o FC Porto, na véspera, galgara terreno na liderança da I Liga, os encarnados fizeram desta partida uma batalha épica. E a resposta esteve à altura. A “traição” de Conti não traumatizou os lisboetas que tiveram em Jonas o primeiro despertador: o brasileiro repôs a igualdade aos dez minutos, antes de o coletivo acusar ansiedade. Daí em diante, um controlo dos acontecimentos que tranquilizava as bancadas, mas que não chegava para dar mais cor ao marcador. Apesar de Pizzi procurar vir buscar a bola atrás mais vezes a principal opção dos restantes colegas era o passe longo e... inconsequente. Neste contexto, Rafa era o mais solicitado, acelerando o jogo no último terço e, com maior eficácia, até podia ter dado nova cara à partida aos 28’, quando acertou no poste.
Na segunda parte, sempre mais vermelho no que respeita à posse de bola e à qualidade no futebol. Aos poucos, os jogadores encarnados foram apostando no toque mais curto, nos lances apoiados e, com isso, foram desgastando a organização defensiva anfitriã. A expulsão de David Bruno, aos 54’, após picardia desnecessária com Cervi, abriu o buraco para o colapso da equipa de Pepa. Com menos um nos tondelenses, Ícaro passou a defender a ala direita, entrando Jorge Fernandes para o eixo, mas a manta estava curta, arriscando a rasgar-se a qualquer momento. E foi o que aconteceu, quando Rui Vitória já lançara Seferovic para carregar ainda mais. Cinco minutos após entrar em campo, o suíço contrariou a ideia de que se zanga regularmente com a baliza e faturou, com bastante mérito do coletivo que, como noutros lances ontem, esteve afinado. As águias poderiam ter voltado a queixar-se dos deuses aos 73’, mas Xavier não aproveitou um lance de golo feito, o qual ditou o fim da resistência caseira: pouco depois Rafa fechava a contagem.