Era uma vez a horta do senhor Jerónimo
Até se instalar na zona das Antas, o FC Porto passou por outros quatro palcos e o primeiro, em 1906, destacou-se logo pela inovação
José Monteiro da Costa aproveitou os terrenos do pai para criar o Campo da Rainha, com um inédito relvado. O clube expandiuse pela cidade e sobram inúmeras histórias, até a dos “andrades”...
As Antas e o Dragão fazem parte da memória e quotidiano de todos os portistas, mas as camisolas azuis e brancas correram por muitos outros locais da cidade do Porto. Entre estádios próprios e alugados, o FC Porto teve seis casas: Campo da Rainha, Campo da Constituição, Campo do Amial, Estádio do Lima, Estádio das Antas e, finalmente, Estádio do Dragão. De alguns já nada resta, de outros sobram ruínas, mas de todos há diversas histórias para contar, das gloriosas às caricatas.
Se o recinto atual tem todas as comodidades, a verdade é que a inovação começou logo no Campo da Rainha, em 1906. José Monteiro da Costa aproveitou os terrenos hortícolas do pai, Jerónimo, para criar o primeiro estádio com relvado em Portugal. Mas os terrenos acabaram por ser vendidos e, em 1913 a história avançou dois quarteirões para Este, no Campo da Constituição,
O Estádio do Dragão é a casa dos portistas há quase 15 anos que hoje é a casa dos pequenos dragões.
A partir daqui e até às Antas, o FC Porto começou a andar com a casa às costas, por culpa do seu próprio crescimento. A afluência à Constituição foi crescendo de uma forma que obrigou o clube a procurar outros recintos para acolher partidas “grandes”. Entra assim em cena o Campo do Amial, do Club Sport Progresso, entre as décadas 20 e 30, e o Estádio do Lima, do Académico, nos anos 40. E foi aqui que nasceu a alcunha depreciativa de “andrades”, cuja história tem várias versões, mas os jornais da época assim explicam: o Campo do Amial pertencia aos irmãos Andrade, um portista e o outro progressista. As dificuldades financeiras, a disputa entre os clubes e a zanga fraternal resultou no estádio... destruído.
Em 1952, depois de muitos anos, o sonho das Antas tornase realidade. O resto é história.