O Jogo

BERNARDO VIRADO PARA O MEIO

TREINADORE­S Ouvidos por O JOGO, Carlos Azenha, Manuel José e António Pereira têm opinião bem vincada sobre o médio

- RODRIGO CORTEZ

Ao visível cresciment­o de forma do centrocamp­ista português nos últimos tempos, que lhe tem valido elogios de todos (até do treinador), não é alheio o desvio da zona do terreno onde atua

Bernardo Silva explodiu esta época no Manchester City quando começou a ser utilizado em zonas interiores do meio-campo, o que aconteceu nas últimas oito jornadas da Premier League. No passado domingo, inclusive, foi decisivo no dérbi frente ao United, somando duas assistênci­as na vitória da sua equipa por 3-1 e merecendo a eleição para o melhor onze da ronda em vários sites. Até o treinador da sua equipa, Pep Guardiola, o elogiou, afirmando a seguir ao jogo: “O Bernardo foi incrível!”

Na Seleção, o atleta tem contado essencialm­ente como ala, apesar dos pontuais desvios para o centro, com maior ou menor frequência, consoante os jogos e os adversário­s em causa, mas face a esta notória subida de rendimento noutra posição, Fernando Santos pode estar tentado a replicar o que fez Guardiola, colocando Bernardo no miolo, juntamente com os mais defensivos Rúben Neves e William Carvalho. Aliás, foi nessa posição que o médio atuou nos últimos minutos do Uruguai-Portugal do último Mundial, o que coincidiu precisamen­te com a melhor fase Nos últimos oito encontros a contar para a Premier League, alinhando numa zona central, Bernardo marcou dois golos e fez duas assistênci­as lusa num jogo que lhe viria a ditar a eliminação (derrota por 2-1) da prova.

Segundouml­equedetrei­nadores consultado por O JOGO, Silva rende inegavelme­nte maisemzona­sinteriore­s.“Vagabundo era como antigament­e se designava este tipo de jogadores. E não se pode castrar um elemento destes a definir-lhe uma posição fixa. Claramente rende mais em zonas interiores, porque pensa o jogo, rompe e dribla, tendo também finalizaçã­o”, analisa Carlos Azenha, antigo treinador de Portimonen­se e V. Setúbal, entre outros clubes.

Para Azenha, Bernardo nas alas é um desperdíci­o de talento. “Quando o põem na direita, estão a amputá-lo das suas grandes capacidade­s”, afirma um homem que também passou pelo FC Porto, como adjunto de Jesualdo Ferreira. “Para mim, nesta Seleção o Bernardo Silva é um dez. E, ao mesmo tempo, é ele e mais dez”, acrescenta, convicto.

Admirador do médio é também António Pereira, atual treinador do Oriental. “Não me parece que o Bernardo possa ser extremo, uma vez que não é muito rápido. Para mim, é um dez, para jogar perto do ponta de lança, ou então a oito, como interior. Não me parece é que encostado à linha seja um bom trunfo, pois isso vai retirar-lhe a capacidade de decisão mais perto da área, para tabelar, rematar ou passar, que é o que ele faz bem”, afirmou um técnico que tam-

bém passou por Mafra, Tirsense, Amora ou Torreense, entre muitos outros emblemas.

Em sintonia com os colegas está Manuel José, que apesar de reconhecer a enorme qualidade do jogador, é particular admirador de Bruno Fernandes: “Gosto mais de ver o Bernardo por dentro, porque não tem capacidade de explosão para jogar nas laterais. Não tem velocidade para sair do drible e fisicament­e também não é muito forte. Na zona central, apesar de haver maior densidade, ele não fica tão limitado e consegue ganhar espaço para se soltar. Apesar disso, prefiro ver o Bruno Fernandes nessas zonas, porque atualmente é o melhor jogador português a atirar à baliza.”

“Ele não tem capacidade de explosão para jogar nas laterais. Na zona central não fica tão limitado e consegue soltar-se”

Manuel José

Treinador “É um talento da natureza, talvez o maior que está neste momento na Seleção” Carlos Azenha

Treinador “Não me parece que utilizar o Bernardo Silva na ala seja um bom trunfo, porque isso retira-lhe capacidade de decisão mais perto da área, que é o que ele faz de melhor” António Pereira

Treinador

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