O Jogo

Precisamos de governo

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claro, agora é mais difícil generaliza­r. Mesmo quem queira zelar pela presunção da inocência acabará por reconhecer a posição de extrema fragilidad­e em que a Juve Leo se deixou apanhar. E é nela, realmente, que está neste momento o busílis. Apoiantes à porta da cadeia até José Sócrates teve e acabaram por se dispersar. Os ultras lá em casa, até pelo que nos últimos dois dias se acrescento­u à lista de ilícitos, são outra coisa. Mas não vale a pena ignorar a evidência: são todos os ultras e são todas as claques. Quase todas as claques de alto perfil, pelo menos, e nem sequer só as dos três grandes. Deixámos o fenómeno crescer sem controlo e, agora, não sabemos sequer por onde começar a lidar com ele. No limite, temos medo, porque ninguém se esquece de que (por exemplo) a claque do Estrela Vermelha até se tornou uma milícia genocida na guerra dos Balcãs. No fundo, tudo é possível. E o que faz, neste contexto, o inefável secretário de Estado do Desporto? Diz que “ninguém está orgulhoso destes efeitos mais negativos” no futebol, mas “a violência nada tem que ver com o desporto”. Que as últimas controvérs­ias “são fenómenos, desde logo, que estão muito localizado­s” e que o mais importante é “evitar a propalação de um discurso mais insidioso e do ódio” e “passar os valores e a ética”. Não diz nada, no fundo. Nada. A não ser não sei o quê sobre alterações à lei e não sei quantos sobre desafios “a todos os agentes desportivo­s”. Penitencio-me por ter elogiado, aqui há umas semanas, a criação de uma autoridade para o combate à violência no desporto. Espero, francament­e, que António Costa tenha outro programa e outra pessoa para a área na nova legislatur­a – com maioria absoluta, com gerigonça ou com traquitana. E também espero que, nessa altura, não seja tarde de mais.

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