O Jogo

O desafio falhado de Abel Ferreira

Assistênci­as no estádio baixaram

- PEDRO MARQUES COSTA

A média de assistênci­as no Estádio Municipal baixou ligeiramen­te em relação à última época, apesar da excelente campanha da equipa. Adeptos dizem que o recinto é “desconfort­ável” e “desmotivad­or”

Em dois momentos diferentes da época, Abel Ferreira fez questão de lançar um apelo às gentes de Braga: queria passar a contar com o apoio de 15 mil pessoas nas bancadas em todos os jogos realizados no Estádio Municipal. “Um clube sem a força da sua massa associativ­a nunca conseguirá crescer. Precisamos deles; mais do que nunca, precisamos dos adeptos”, justificou o treinador, em resposta à tradiciona­l pergunta sobre as possibilid­ades de o Braga conquistar o título de campeão já esta época. Dentro do campo, a equipa até tem superado as expectativ­as, deixando uma boa imagem mesmo quando perdeu pela única vez esta temporada, no Estádio do Dragão, mas a verdade é que nem os bons resultados e, já agora, as boas exibições têm sido suficiente­s para satisfazer o mais ambicioso dos desejos de Abel Ferreira. Antes pelo contrário.

Na comparação coma última época, as assistênci­as no Estádio Municipal até apresentam um ligeiro decréscimo (média de 11 035 em 2017/18, contra 10 514 na temporada atual), mesmo que o Braga já tenha recebido a visita de um dos três grandes, o Sporting. O JOGO foi tentar descobrir uma explicação para este aparente paradoxo e encontrou-a nos adeptos. O mais forte de todos os motivos, segundo Miguel Pedro e Rui Xará, está na falta de condições de um estádio que é apenas uma “linda obra de arte”. “Desconfort­ável”, “pouco funcional” e “desmotivad­or” foram alguns dos adjetivos utilizados para caracteriz­ar o espaço. “Moro na cidade do Porto e por vezes, enquanto estou a fazer a viagem para Braga, vou a pensar no frio que vou ter durante o jogo”, contou o comediante Rui Xará. Miguel Pedro acrescenta à explicação o problema das acessibili­dades ao interior do recinto e ainda os horários do jogos. Mas não só. “Acredito que os efeitos destas boas épocas só se vão fazer sentir daqui a alguns anos. Hoje em dia, na cidade os miúdos são

“Só será possível continuar a crescer se tivermos 15 mil adeptos em todos os jogos. Esse é o nosso primeiro desafio. Nós precisamos deles”

Abel Ferreira Treinador do Braga 16 setembro 2018

quase todos do Braga. A questão é que eles estão dependente­s dos pais, que são de outros clubes, logo não vão aos jogos”, referiu.

Curiosamen­te, a questão das condições do estádio, ou, nes- te caso, a falta delas, foi um dos temas que roubaram mais tempo à discussão durante a última assembleia geral do clube. Na altura, António Salvador explicou que existe um plano para melhorar vários aspetos do estádio, que só não está a ser executado devido às divergênci­as existentes entre Eduardo Souto Moura e a Câmara Municipal. Por outras palavras, o arquiteto responsáve­l pela construção do recinto não autoriza qualquer intervençã­o no espaço enquanto o diferendo com a autarquia não estiver completame­nte ultrapassa­do. O presidente do Braga ainda comunicou aos sócios que o clube também já apresentou um plano para melhorar as acessibili­dades ao estádio, da responsabi­lidade da autarquia, mas que esta assume não querer gastar mais dinheiro no recinto. Em resumo, António Salvador reconheceu o problema, mas admitiu que o clube está de mãos atadas para o resolver.

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