O desafio falhado de Abel Ferreira
Assistências no estádio baixaram
A média de assistências no Estádio Municipal baixou ligeiramente em relação à última época, apesar da excelente campanha da equipa. Adeptos dizem que o recinto é “desconfortável” e “desmotivador”
Em dois momentos diferentes da época, Abel Ferreira fez questão de lançar um apelo às gentes de Braga: queria passar a contar com o apoio de 15 mil pessoas nas bancadas em todos os jogos realizados no Estádio Municipal. “Um clube sem a força da sua massa associativa nunca conseguirá crescer. Precisamos deles; mais do que nunca, precisamos dos adeptos”, justificou o treinador, em resposta à tradicional pergunta sobre as possibilidades de o Braga conquistar o título de campeão já esta época. Dentro do campo, a equipa até tem superado as expectativas, deixando uma boa imagem mesmo quando perdeu pela única vez esta temporada, no Estádio do Dragão, mas a verdade é que nem os bons resultados e, já agora, as boas exibições têm sido suficientes para satisfazer o mais ambicioso dos desejos de Abel Ferreira. Antes pelo contrário.
Na comparação coma última época, as assistências no Estádio Municipal até apresentam um ligeiro decréscimo (média de 11 035 em 2017/18, contra 10 514 na temporada atual), mesmo que o Braga já tenha recebido a visita de um dos três grandes, o Sporting. O JOGO foi tentar descobrir uma explicação para este aparente paradoxo e encontrou-a nos adeptos. O mais forte de todos os motivos, segundo Miguel Pedro e Rui Xará, está na falta de condições de um estádio que é apenas uma “linda obra de arte”. “Desconfortável”, “pouco funcional” e “desmotivador” foram alguns dos adjetivos utilizados para caracterizar o espaço. “Moro na cidade do Porto e por vezes, enquanto estou a fazer a viagem para Braga, vou a pensar no frio que vou ter durante o jogo”, contou o comediante Rui Xará. Miguel Pedro acrescenta à explicação o problema das acessibilidades ao interior do recinto e ainda os horários do jogos. Mas não só. “Acredito que os efeitos destas boas épocas só se vão fazer sentir daqui a alguns anos. Hoje em dia, na cidade os miúdos são
“Só será possível continuar a crescer se tivermos 15 mil adeptos em todos os jogos. Esse é o nosso primeiro desafio. Nós precisamos deles”
Abel Ferreira Treinador do Braga 16 setembro 2018
quase todos do Braga. A questão é que eles estão dependentes dos pais, que são de outros clubes, logo não vão aos jogos”, referiu.
Curiosamente, a questão das condições do estádio, ou, nes- te caso, a falta delas, foi um dos temas que roubaram mais tempo à discussão durante a última assembleia geral do clube. Na altura, António Salvador explicou que existe um plano para melhorar vários aspetos do estádio, que só não está a ser executado devido às divergências existentes entre Eduardo Souto Moura e a Câmara Municipal. Por outras palavras, o arquiteto responsável pela construção do recinto não autoriza qualquer intervenção no espaço enquanto o diferendo com a autarquia não estiver completamente ultrapassado. O presidente do Braga ainda comunicou aos sócios que o clube também já apresentou um plano para melhorar as acessibilidades ao estádio, da responsabilidade da autarquia, mas que esta assume não querer gastar mais dinheiro no recinto. Em resumo, António Salvador reconheceu o problema, mas admitiu que o clube está de mãos atadas para o resolver.