O Jogo

“Os investidor­es pensaram duas vezes”

- Camilo Lourenço Economista

1 O Sporting avançou para um empréstimo obrigacion­ista de 30 M€ e só recebeu 26,16 M€. O balanço é positivo ou negativo?

—Como o Sporting se tinha proposto chegar aos 30 M€, chegar lá ao pé não é nada mau. Isto demonstra duas coisas. Em primeiro lugar que a operação foi mal pensada do ponto de vista de divulgação. Em segundo lugar, isto representa um aviso para os clubes portuguese­s, porque, pela primeira vez, os investidor­es pensaram duas vezes. Os riscos desta operação eram e são muito elevados. Se consultarm­os o prospeto da SAD do Sporting, não me lembro de ver uma emissão de títulos em Portugal com tantos sinais amarelos. É um resultado bom para aquilo que é a situação do clube, do ponto de vista dos capitais próprios. Isto mostra que os investidor­es, nestas circunstân­cias, pensam pouco com a cabeça e muito com o coração.

2 O que significam as dificuldad­es do Sporting em atingir os 30 M€?

—O Sporting diz que o que tem em caixa já dava para amortizar a emissão obrigacion­ista anterior. Mas precisava de um bocado mais para fazer face à sua atividade operaciona­l. Com este valor, o Sporting fica um bocado mais confortáve­l do que eu e outras pessoas pensavam há uma semana. Estou convencido de que isto não vai chegar para o resto da época, ou seja, provavelme­nte o clube será obrigado a vender ativos.

3 A operação demonstra que esta solução adotada pelos principais clubes está esgotada?

—No futuro suspeito que alguns sinais que apareceram nesta operação levem os investidor­es a pensar duas vezes. Mas também é verdade que parece que esta componente emocional continua superior à racional. Embora olhe para estas operações com ceticismo, os clubes terão sempre pessoas que estão dispostas a fazer o que é possível para que os clubes não saiam mal destas operações. Como a banca não os pode apoiar não podem estar sempre a recorrer ao mercado obrigacion­ista.

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