“Os investidores pensaram duas vezes”
1 O Sporting avançou para um empréstimo obrigacionista de 30 M€ e só recebeu 26,16 M€. O balanço é positivo ou negativo?
—Como o Sporting se tinha proposto chegar aos 30 M€, chegar lá ao pé não é nada mau. Isto demonstra duas coisas. Em primeiro lugar que a operação foi mal pensada do ponto de vista de divulgação. Em segundo lugar, isto representa um aviso para os clubes portugueses, porque, pela primeira vez, os investidores pensaram duas vezes. Os riscos desta operação eram e são muito elevados. Se consultarmos o prospeto da SAD do Sporting, não me lembro de ver uma emissão de títulos em Portugal com tantos sinais amarelos. É um resultado bom para aquilo que é a situação do clube, do ponto de vista dos capitais próprios. Isto mostra que os investidores, nestas circunstâncias, pensam pouco com a cabeça e muito com o coração.
2 O que significam as dificuldades do Sporting em atingir os 30 M€?
—O Sporting diz que o que tem em caixa já dava para amortizar a emissão obrigacionista anterior. Mas precisava de um bocado mais para fazer face à sua atividade operacional. Com este valor, o Sporting fica um bocado mais confortável do que eu e outras pessoas pensavam há uma semana. Estou convencido de que isto não vai chegar para o resto da época, ou seja, provavelmente o clube será obrigado a vender ativos.
3 A operação demonstra que esta solução adotada pelos principais clubes está esgotada?
—No futuro suspeito que alguns sinais que apareceram nesta operação levem os investidores a pensar duas vezes. Mas também é verdade que parece que esta componente emocional continua superior à racional. Embora olhe para estas operações com ceticismo, os clubes terão sempre pessoas que estão dispostas a fazer o que é possível para que os clubes não saiam mal destas operações. Como a banca não os pode apoiar não podem estar sempre a recorrer ao mercado obrigacionista.