CASO DE ESTUDO O triste conto do Belenenses Fora da caixa

Chegámos a um ponto, no Belenenses, em que já não há notícia menos má do que outra. Venha do clube ou da SAD, é tudo demasiado deplorável. E, bem vistas as coisas, interessa menos quem tem razão do que tudo isto estar realmente a acontecer. Talvez se possa afirmar que o capitalismo é sempre um sistema contranatura. Mas, muitas vezes – e, nos bons tempos, a maior parte das vezes –, a complexa rede de compromissos a que cabe segurá-lo de pé, a ele e à sociedade onde impera, funciona de facto. Olha-se para o Ocidente da segunda metade do século XX e, apesar de tudo, é inevitável reconhecer que nunca uma tão grande parte da Humanidade viveu durante tanto tempo num regime de tão evidentes paz e prosperidade. Infelizmente, quando não há recursos, o capitalismo não encontra expedientes para desempenhar uma ação positiva. Pelo contrário, tenderá a estilhaçar não só o modelo de atividade em causa, mas o próprio agente dela, asfixiando-o até poder vendê-lo às peças. É isso, em parte, que este caso nos mostra: o capitalismo até pode ter total aplicação no futebol, mas nunca quando se trate de uma marca frágil. Só que eu lembro-me de como o Belenenses vivia antes. Antes de Rui Pedro Soares e, aliás, há mais de 20 anos. Era tão melhor assim? Ou por outra: estava a caminho de algum lugar melhor do que este para que o capitalismo o empurrou?