Da ameaça de “default” à vitória do compromisso
Varandas falou com orgulho do esforço dos adeptos do clube, os pequenos investidores que tornaram possível o empréstimo obrigacionista, que esteve por um fio
FREDERICO VARANDAS DIZ “Não tivemos empréstimo intercalar como os outros, nem os bancos a querer comercializar o empréstimo. Tivemos, sim, calúnias sobre insolvência” “Mais pessoas, mas a participar com pouco” “É o ‘case study’ mais atípico da história. A CMVM preparou-nos para entrar em incumprimento” “Gelson Martins já está a ser negociado. Para janeiro admito vender e comprar”
Ao sexto lançamento obrigacionista o leão teve de lidar com atitudes inesperadas dos bancos, com a instabilidade do clube, com a perspetiva de insucesso... e sobreviveu com o “auxílio do povo”
O presidente Frederico Varandas, acompanhado pelo vice-presidente Francisco Salgado Zenha, explicou como decorreu todo o processo do empréstimo obrigacionista, que salientou ser um “caso de estudo” por uma série de circunstâncias que quase levaram ao seu cancelamento. Depois das dificuldades para emitir o empréstimo, Varandas falou ainda de “pedras no caminho” impostas pelos bancos, um aviso de insucesso em perspetiva e trabalho árduo, dia e noite, para “com a ajuda popular” conseguir uma emissão bem sucedida.
“Em maio de 2018 a Sporting SAD não reembolsou os obrigacionistas”, começou por contar, o que significa o desvio de um milhão de euros, obtido com o empréstimo obrigacionista, para pagar essa dívida aos investidores. “E não tivemos direito a um empréstimo intercalar como os outros, não tivemos os bancos a querer comercializar as obrigações... Tivemos, sim, muito ruído em dois meses e meio, referências caluniosas sobre insolvência, boicotes, detenções, processos. Tivemos tudo o que podia gerar desconfiança, instabilidade e abortar o empréstimo. Este foi o sexto empréstimo e onde mais subscritores participaram, onde houve mais pessoas a participar com pouco! Sabemos o peso no orçamento familiar, temos consciência social. A maior vitória não é financeira, mas o sinal de união e compromisso de todos os sportinguistas. Na Euronext disseram que isto foi um ‘case study’, provavelmente o mais atípico da história, com prazos quase impossíveis de cumprir. A CMVM preparounos para entrar em ‘default’, íamos entrar em incumprimento e tínhamos de passar a plano de contingência”, recordou o presidente leonino.
Quanto à aplicação do encaixe do empréstimo na equipa de futebol, o líder leonino lembrou que “a prioridade é pagar as dívidas para não incorrer no fair-play financeiro da UEFA”. “Admito tudo, vender e comprar”, disse, dando conta de conversações com o Atlético de Madrid para obter uma indemnização por Gelson: “Está a ser negociado”.