“Coração dividido pelo azul e pelo preto”
ARTUR Nome marcante na história de boavisteiros e portistas, na década de 1990, está de volta à Invicta para aplaudir quem vencer o dérbi
O presente do Boavista não é agradável, na classificação, mas o futuro será risonho. O vaticínio é feito pelo antigo avançado, que está de férias no Porto e contava recordar emoções do passado do dérbi
O Porto está na moda, mas não foi por isso que Artur pegou nas malas e deixou o Pará (Brasil) para passar umas curtas férias na Cidade Invicta. O goleador do Boavista nos inícios da década de 1990 marcou na agenda o regresso para matar saudades do filho, que fixou raízes portuenses, e tem aproveitado para reavivar memórias dos tempos em que deu nas vistas pelos axadrezados e atraiu a atenção do rival das Antas, que o tirou do Bessa em 1997/98.
Muita coisa mudou no Porto, desde então, com o advento da Capital da Cultura, em 2001, e depois com o boom do turismo. Mudanças que são simplespormenoresaosolhos de Artur, porque o que realmente mudou foi “a forma como se vive agora este dérbi”. “Dantes mexia mais, a cidade respirava intensamente este encontro. Acho que se perdeu esse encanto. Os grandes quando jogavam no Bessa sentiam grandes dificuldades paravencer”,conta.Arturtem repetido rotinas do seu passado, frequentando os mesmos cafés, a tentar reencontrar rostos, cujas expressões indicava-lhe a “enorme pressão com que se vivia o aproximar do jogo, em que não se falava de outra coisa, durante toda a semana”. Um fenómeno que para o antigo avançado se explica pelo período de afastamento do Boavista da I Liga, estando “ainda em processo de recuperação e de reafirmação, que exige tempo”. “Acredito que voltará a ser forte e competitivo”.
De qualquer maneira, um Boavista-FC Porto é sempre especial e mais significado tem para quem atuou pelos dois clubes. Artur vai estar no Estádio do Bessa, provavelmente recordar-se-á da sua estreia pelos axadrezados, aos 23 anos, no Torneio Internacional da Cidade Invicta (cuja organização alternava entre os dois clubes). “O meu coração está sempre dividido pelo azul e pelo preto. Vou estar a torcer para que o FC Porto conquiste títulos e que o Boavista fique numa posição tranquila, se possa fortalecer e volte a brigar pelo título”, diz Artur, sem se conseguir posicionar em apenas um lado.
A situação classificativa do Boavista não suscita apreensão a Artur, também ele treinador no Brasil, logo sensível a análises deste género. “A equipa tem muita qualidade e é mais forte em relação à da época passada. Infelizmente, os resultados não aparecem. O grupo trabalha bem, tem um treinador competente, que gosta do bom futebol e é exigente. A situação é delicada, mas vai dar a volta”, vaticina, deixando escapar uma desabafo: “Os estádios agora são espetaculares... se ainda jogasse, seria espetacular nestes estádios. Paciência, tudo tem o seu tempo e eu tive o meu e fui feliz.”
“Acredito que o Boavista voltará a ser forte e competitivo”
“Se ainda jogasse, seria espetacular nos estádios de agora. Paciência tudo tem o seu tempo”
Artur
Antigo avançado