UM, DOIS E TRÊS TOQUES PARA DAR UM PISÃO
Simplificando processos, os homens de Marcel Keizer conseguiram um resultado histórico, sustentado por uma exibição de qualidade de Wendel
Velocidade imposta pelos leões nas transições, na procura das variações de flanco, rebentou com a resistência azeri. Leões garantiram o apuramento para a próxima fase no segundo posto do grupo
A terceira vitória mais volumosa da história centenária do Sporting fora de casa nas competições europeias – só superada pelos duelos com o Red Boys, do Luxemburgo (0-7), em 1981/82 e frente aos islandeses do Akranes (0-9) em 1986/87 – teve como pedra de toque a simplicidade de processos e a facilidade com que os mesmos foram executados, com a velocidade característica dos elementos mais adiantados da equipa. Com um, dois e três toques, rapidamente os jogadores leoninos se libertaram de qualquer tentativa de bloqueio contrária, consumando com um valente pisão nos azeris o apuramento para a próxima fase da Liga Europa, ainda que o primeiro lugar seja inalcançável, face ao triunfo do Arsenal na Ucrânia, perante o Vorskla Poltava.
É certo que a grande penalidade convertida com sucesso por Bas Dost aos 4’ de jogo facilitou a tarefa aos homens de Marcel Keizer, que rapidamente demonstraram atributos técnicos e táticos superiores aos dos opositores, que, no
entanto, conseguiram deixar a nu uma das debilidades do emblema de Alvalade: a permissividade dos laterais, Jefferson a deixar Madatov vir para dentro sem grande oposição para cruzar e Bruno Gaspar desposicionado perante a entrada de Guerrier nas suas costas, assistindo para o golo de Zoubir. Esse aspeto negativo desvaneceu-se muito por culpa da forma como Wendel cresceu no jogo, recuperando bolas a par de Gudelj – agora com maior amplitude no seu raio de ação, atuando como referência sem estar amarrado à posição –, mas sobretudo pelo modo como conduziu transições ofensivas, acabando por estar nos lances de quatro dos seis golos apontados pelos lisboetas.
Bruno Fernandes potenciou isso mesmo, finalizando com gratas palavras para o frango do guardião contrário, repondo a vantagem natural no encontro,ampliada pelo lance individual de Nani, servido também porWendel, dando sustentoàeficác ia revelada em pouco mais de 30 minutos. Aí, o Qarabag começou a quebrar, apesar da abnegação demonstrada, mas que ficou sempre aquém da clarividência para encaixar no toca e foge ou nas variações de flanco constantes dos leões, solicitando a entrada dos extremos nos corredores laterais. Com uma objetividade assinalável na procura de terrenos de finalização, também ela contando com fome de pressão sobre o portador da bola, o Sporting foi construindo um resultado robusto. Diaby mostrou na fase final do
encontro efetividade no corredor, enquanto extremo com diagonais para o centro, e enquanto referência, já depois da saída de Bas Dost. Jovane encaixou na perfeição e Marcel Keizer sentiu sinais evidentes de evolução sustentada, agora
perante um oponente com maior exigência, isto face ao Vildemoinhos, vencendo pela primeira vez nas provas europeias como técnico, depois de quatro duelos pelo Ajax. Segue-se um teste mais exigente, chamado Rio Ave.