Wendel e Jesus

U m jogo demasiado fácil para tirar muitas conclusões, como o de Viseu no sábado, mas para já a equipa do Sporting está mais leve porque joga um futebol mais simples, o que parece ter dado um pouco mais de confiança. Com Peseiro, parecia que era preciso arrastar o mundo, o que no futebol geralmente é mau prenúncio e reflexo de ideias pouco claras. Com Marcel Keizer é mais a técnica a fazer a diferença num esquema mais rígido, mas em que toda a gente conhece a música que tem de tocar. Só se estranhou que não se fizessem poupanças porque o jogo dava para isso e vem aí o Rio Ave. Mas o treinador é novo e precisa de sentir a equipa. Wendel é a imagem disso: o jogador que Jorge Jesus dizia que não sabia nada do jogo, afinal sabe – como era evidente – e pode fazer quatro assistências num jogo, como ontem frente ao Qarabag. Jogando numa posição quase de n.º 10, que não era a sua no Brasil, não esteve mal em Viseu e ontem gozou de liberdade e mostrou certeza e precisão no passe. Mas claramente viu-se que, aos 21 anos, sabe pisar o campo e pode ser um jogador com uma dimensão de titular. Se conseguir defender bem, o que ontem nem sempre a equipa conseguiu como coletivo, apesar de um resultado gordo – o Sporting só quatro vezes marcou cinco ou mais golos fora casa em provas europeias – Marcus Wendel Valle da Silva vai acrescentar coisas. Diaby estreou-se a marcar nas competições da UEFA ao 19.º jogo europeu (e logo com um bis) e parece mais segundo ponta de lança do que ala, mas é uma solução necessária porque Montero está lesionado. A sua velocidade dá-lhe um lugar próprio no plantel e lembrese que marcou quase 40 golos nas duas últimas épocas no Bruges. Para já está garantido que o Sporting joga na Europa em fevereiro e que ganhou algum élan para ir a Vila do Conde na segunda-feira, onde terá um teste seguramente mais duro que estes dois, resolvidos com dez golos marcados. Aí poderemos ver melhor se este Sporting está mesmo a crescer de forma sustentada. Porque em três semanas tirou o pó, pôs algumas peças no lugar, mas as coisas a sério começam agora.