O Jogo

Fora da caixa Joel Neto

CORTINAS DE FUMO

- neto.joel@gmail.com

Não há duas pessoas que pensem a mesma coisa sobre a natureza da relação entre Vieira e Jesus, e talvez o busílis esteja aí. Porque se afastaram eles, verdadeira­mente? Como se relacionar­am durante os três anos que Jesus esteve em Alvalade? Que espécie de pazes fizeram? Que guerra, exatamente, tinham travado? E que conjugação de interesses os norteia hoje, juntos e em separado? Ninguém sabe bem. Só sabendo se poderia avaliar com um mínimo de exatidão o peso de Jesus na atual situação do Benfica e, à luz deste, o que de facto se passa com Rui Vitória. Mas pelo menos isso ninguém pode negar: é à luz de Jorge Jesus que se avalia a posição de Vitória. Três anos e meio depois, o Benfica ainda é “sobre” ele. E talvez nunca tenha deixado de ser, mesmo nos dois momentos em que o sucessor o humilhou na luta pela Liga. Parece evidente que Jesus vai voltar? A última coisa que interessa, nesta história toda, é aquilo que parece. Ainda há dias Vieira esmurrava o peito, garantindo que Vitória ia cumprir o contrato até ao fim, e agora não só teve uma insónia a estudar o despedimen­to como surpreende­u toda a gente com quem se tinha reunido quando anunciou que desistira. Vale tanto uma coisa como a outra. Jesus continuará a pairar, volte ou não alguma vez ao Benfica, porque o seu nome é o único balde com que o presidente pode ir pondo água nos focos de fervura. E, entretanto, é fácil injetar algum lastro em Vitória, nem que seja com o anúncio de mais uma proposta milionária chegada não sei de que arábia, 24 horas depois de o Benfica levar cinco golos na Liga dos Campeões. É cortina de fumo atrás de cortina de fumo. Portanto, quando sairá Vitória, não sabemos. Só sabemos que sairá sem indemnizaç­ão. O voto de confiança de ontem amarrou-o a esse novo compromiss­o – e ele, como espectador do seu próprio filme, nada pôde fazer.

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