O Jogo

Moniz manda recado a Vieira

- MARCO GONÇALVES

Entende que deve haver limitação de mandatos

Recusando fragilidad­e no cargo depois de ter estado à beira de ser despedido, sublinha que tem cumprido com o projeto e que vai devolver o orgulho a quem duvida das suas capacidade­s. Desvaloriz­a contestaçã­o interna

Garantindo que a decisão de continuar foi tomada a meias com Luís Filipe Vieira e sem mostrar incómodo pela contestaçã­o interna, promete muitas mudanças a partir de agora

Numa longa conferênci­a de Imprensa, de 20 minutos e 30 segundos, antes do jogo com o Feirense, que disse ser uma equipa “organizada”, Rui Vitória analisou a sua quase demissão, frisando que teria sido “muito fácil apanhar um avião para outro lado”. O técnico, recorde-se, tinha uma proposta do Al-Nassr de seis milhões de euros por ano. Olhando à contestaçã­o de quem tem sido alvo e ao volte-face na sua saída, sente que é um treinador a prazo?

—Não sinto. Era muito fácil para o presidente e para mim já não estar aqui e apanhar um avião para outro lado. Depois de uma reflexão, todos sentimos que esta era a decisão mais clara e óbvia. Comecei no Benfica com o objetivo muito claro de ganhar e de ajudar a mudar o paradigma do Benfica. Foi conseguido, mas ainda há trabalho para fazer. Não estou muito preocupado se estou mais ou menos a prazo. Agora é trabalhar e olhar para a frente, há muito por conquistar e tenho muito por ganhar no Benfica. Como fica a relação com a estrutura, sabendo que houve elementos que quiserem a sua saída? —Muito clara. Trabalhamo­s de forma muito honesta e sincera. O meu compromiss­o é com o Benfica, não com A, B ou C. Sabia perfeitame­nte o que se estava a passar e o pen-

samento das pessoas. A sua continuida­de foi vetada por diversos elementos, entre eles o diretor-geral, Tiago Pinto, que trabalha consigo diariament­e e que ficou perplexo. Não se sente um condenado a quem entregaram uma prenda envenenada? —Não sei se ficou perplexo ou não, porque não tenho essa informação. Em relação ao diretor-geral, é um profission­al de enorme qualidade e categoria; se o Benfica o mantiver por muito tempo, tem o seutrabalh­ogarantido.Quanto ao resto, [a saída] era a decisão mais fácil, de um lado uma mala cheia de dinheiro, do outro muitos treinadore­s a quererem vir para o Benfica. Não estou muito preocupado com questões de pormenor. A vida de treinador é isto. A minha equipa está envolvidís­sima nos objetivos que tem por alcançar. Como interpreta, olhando ao seu trabalho, as palavras do presidente quando diz que a equipa deve jogar à Benfica e não lento, lento? —Tenho de dar os parabéns ao presidente pela franqueza. Percebo perfeitame­nte essas palavras. Até meados de outubro fomos a melhor equipa portuguesa, de lá para cá não fomos. Mas é preciso ser racional e olhar para isto com frieza, há quatro provas e vamos disputá-las. Não estivemos bem, temos essa certeza e clareza. Uma coisa posso dizer, e falando para os benfiquist­as, quem perdeu orgulho pelo Benfica, e aceito que tenha acontecido, vai voltar a tê-lo. É a convicção plena que tenho. Quem sinta fraqueza a olhar para a equipa, vai voltar a ter certezas.

RUI VITÓRIA DIZ “Sabia perfeitame­nte o que se estava a passar e o pensamento das pessoas” “A saída era a decisão mais fácil: de um lado uma mala cheia de dinheiro, do outro muitos treinadore­s a quererem vir” “Indemnizaç­ão recusada? Isso é irrelevant­e. Não são as questões financeira­s que me ligam ao Benfica”

O que o leva a acreditar tão convictame­nte que, de ontem para hoje, tudo pode mudar? —Há momentos na nossa vida que nos fazem refletir, pensar e mudar. Tem de haver uma tempestade para que as coisas possam entrar no caminho certo. Sinto essa energia. Com racionalid­ade e frieza, temos cumprido com o que me trouxe ao Benfica. Vamos continuar a ganhar. Estes jogadores estão imbuídos deste espírito. Garanto que a disponibil­idade, a entrega e a dedicação são muito grandes para o jogo de amanhã [hoje] e para o futuro.

O que pensa ter motivado Vieira de um dia para o outro? —É típico do presidente. A decisão é evidente que é do presidente, mas foi uma decisão conjunta. Olho para a frente e estamos nas quatro possíveisc­ompetições,temos uma equipa que vai precisar de mudanças e que vai tê-las. E temos um projeto no qual estou envolvido até à raiz. Não vou abandonar, não é a minha forma de estar. Como sentiu o plantel no reencontro? Os jogadores tinham ficado com a sensação de que o treinador ia mudar, mas continua. Sentiu que há vontade do grupo de

mudar este momento? —Sinto, e é por isso que hoje estou aqui sentado e não está outra pessoa. Sinto porque, independen­temente das decisões tomadas ontem, também sei os jogadores que tenho, o que eles podem dar e as mudanças que temos de fazer. Há mudanças a fazer, de vária ordem, começando pelas interiores e por mim. Os meus jogadores estão envolvidos, vão querer ganhar. E quero já dizer uma coisa em relação ao jogo de amanhã [hoje]: irei estar no campo antes de os meus jogadores entrarem, em pé, no meu local de trabalho, e serei o primeiro a aplaudir os meus jogadores.

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