O Jogo

Fernando Mendes acusa Bruno de instigar ataque

Antigo líder da Juventude Leonina garantiu que o ex-presidente verde e branco recomendou ida a Alcochete e uma posição de força contra os jogadores face à derrota na Madeira

- DUARTE TORNESI

“Se calhar, mudou o treino para terça porque sabia que eu lá ia e calculou que fosse gente atrás de mim” “Não organizei nenhum ataque ou invasão, não agredi ninguém”

Fernando Mendes

Ex-líder da Juventude Leonina

No primeiro depoimento público sobre os acontecime­ntos de 15 de maio, o antecessor de Mustafá, que está em prisão preventiva, negou ter tido qualquer papel na organizaçã­o e execução do ataque

Detido preventiva­mente no âmbito do caso da invasão à Academia, Fernando Mendes deu ontem o seu primeiro depoimento públicos obre os acontecime­ntos do passado dia 15 de maio, em Alcochete. Em entrevista ao“Diário de Notícias ”, o antigo líder da Juventude Leonina revelou que Bruno de Carvalho o incitou a dar um “aperto” aos jogadores após a derrota frente ao Marítimo. “Disse que eu fazia bem em ir a Alcochete, que devia ir lá apertar com eles, darlhes um puxão de orelhas. Respondi que não precisava de lhes dar puxão de orelhas nenhum (...) Ele [Bruno de Carvalho] já sabia que na terça-feira não havia treino, mas não me disse. Tenho pensado se ele não alterou a data do treino com base nessa conversa... mudou-o para terça-feira porque sabia que eu lá ia e calculou que atrás de mim fosse mais gente”, afirmou Fernando Mendes, admitindo que as provas indicam que o ex-líder possa ser o autor moral do ataque: “Não sei, mas poderá ter sido. Além disso, há conversas e depoimento­s a que a investigaç­ão teve acesso e que levam a crer nesse sentido.”

O antecessor de Mustafá na liderança da Juventude Leonina também negou ter participad­o na organizaçã­o e na execução do ataque, garantindo que, apesar de ter encontrado o grupo invasor no Montijo, não percebeu que tudo ia “descambar”. “Não organizei nenhum ataque ou invasão, não agredi ninguém. Mesmo o ter chamado ‘hijo de puta’ ao Acuña na Madeira foi depois de ele me ter chamado o mesmo (...), não fiz parte da criação de grupos deWhatsApp ou de outros grupos. Nunca tive qualquer aplicação de redes sociais. O meu filho chamame ‘homem das cavernas’ a nível de telemóveis e redes sociais”, frisou, adicionand­o que o facto de estar de cara destapada e de ter tranquiliz­ado Jesus atesta a sua inocência.

Fernando Mendes também revelou que teve a informação de uma vingança planeada pelo Sporting nos dias que antecedera­m a sua detenção. “Estava tranquilo, mas, passados uns dias, vieram avisar-me que havia alguém ligado ao Sporting que me queria ‘fazer’. Estavam a pensar contratar uns capangas para me bater. Claro que o medo se apoderou de mim. Ainda olho por cima do ombro. Depois, com o massacre dos média, percebi que ia ser detido. Quando a PSP veio, até pensei que era o tal grupo...”, afirmou o ex-líder da claque verde e branca, antes de se queixar do comportame­nto da procurador­a Cândida Vilar durante o interrogat­ório a que foi submetido após a detenção. “Não foi imparcial comigo, tratou-me abaixo de gente e senti-me humilhado. Já o juiz Carlos Delca foi o mais normal possível.”

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Em tempos, tudo eram sorrisos entre o antigo presidente do Sporting, Bruno de Carvalho, e o ex-líder da Juventude Leonina, Fernando Mendes

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