O Jogo

CRÓNICA DE UMA MORTE... EXAGERADA

EXPECTATIV­A Benfica volta a inferioriz­ar o leão, que parecia cambalear meio morto para a decisão desta meia-final em Alvalade, mas acabou por ir... meio vivo

- bbb Textos FILIPE ALEXANDRE DIAS

Sporting voltou a cair em muitas das ratoeiras da goleada sofrida no dérbi da liga no passado domingo, mas o desperdíci­o alheio deu lugar a um ressurgime­nto vindo da cova, fruto de um tal camisola 8

O dérbi só anda a dar boas notícias ao Benfica. A equipa de Bruno Lage provou novamente e quase à saciedade que é, por esta altura, melhor a qualquer hora do dia do que este Sporting, mesmo ameio-fogo, e abriu boas perspetiva­s para a decisão desta meia-final da Taça de Portugal. Boas, sim, mas não muito boas. Podiam ser sorridente­s, não fosse o esbanjar do terceiro golo. O leão voltou do fundo do poço fruto do pé preciso de Bruno Fernandes. Inferioriz­ado, o Sporting lá se levantou e saracoteou para perscrutar um feixe de luz até ao Jamor. Tem a decisão em Alvalade para trepar por um muro pedregoso. A sua sorte é que o segundo desafio não é por estes dias de intratabil­idade encarnada.

O Benfica tinha Svilar e Salvio entre as caras frescas comparativ­amente ao dérbi anterior, mas Keizer mudou a bom mudar. Lançou Ilori para o eixo da defesa e fez estrear Borja e logo no onze efetivo em pleno inferno da Luz; manteve o meio-campo, mas refez toda a frente de ataque: as escolhas foram Jovane e Acuña nas alas, com Luiz Phellype a fazer o segundo jogo a titular de leão ao peito. O Sporting mudou a dinâmica a meio-campo, com Bruno Fernandes a ficar entre Gudelj e Wendel, face a um Benfica galvanizad­o e louvado pelo público à primeira troca de passes. Os leões começaram retraídos, atrás da linha da bola. Os encarnados tinham a iniciativa e não tardou a que o Sporting fosse desmanchad­o em saídas rápidas. Numa delas, em lance aparenteme­nte inócuo, fez 1-0 em contragolp­e rapidíssim­o. O Sporting chegava ao quarto de hora de jogo em desvantage­m e a curiosidad­e era ver como reagiria. Não reagiu bem. O Benfica pressionav­a com competênci­a e não concedia espaço sempre que os leões ficavam de frente para o jogo. Sólido, e confiante, o coletivo da Luz, empregava muita rapidez em saídas de dezenas de metros.

Sem oportunida­des e por baixo, os forasteiro­s tentaram o ponto de afirmação na bola parada, mas nem em esquemas de jogo os verdes e brancos mostravam dentes. O Benfica era melhor – a começar logo pelo nível de execução... –, e enfrentou a saída prematura por lesão de Jardel, dando lugar a Ferro. Até ao intervalo, o Benfica, sem bola, apertava o leão até à sua área (!), cirandando pelo relvado quase sempre concertado. Mais uma vez, havia um mar vermelho e pouco gotejar de Sporting.

Salvio reapareceu sobre a esquerda na etapa segunda, com o Benfica novamente por cima: a pressionar forte, com o bloco subido. Os leões atuavam arrastado, sofrido, sempre à queima e só aos 50’ começaram a jogar mais no meio-campo encarnado – Wendel tremelicou e esbanjou a primeira grande oportunida­deaos 57’. O Sporting conseguia finalmente espaços e alargava-se. Mas no melhor momento oposto, o Benfica desrespeit­ou o andamento do encontro. Seferovic (muito arguto) fez duas assistênci­as para golo e, na primeira delas, Félix, com (muita) ajuda de Ilori, ampliou. A segunda chance, falhada por Grimaldo, foi crucial. Outra vez no fundo do poço e a precisar de marcar, Marcel Keizer trocou Jovane por Diaby e depois mandou Bas Dost lá para dentro, retirando Wendel e jogando com dois avançados. Bruno Fernandes devolveu vida ao leão, que ainda sonhou empatar. Se sonha que pode afastar este Benfica do Jamor, é bom que acorde e jogue mais. Bem mais.

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Bruno Fernandes e Rafa em desequilíb­rio
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