O Jogo

“Totti acha que o FC Porto é favorito”

PAOLO CONDÓ O jornalista que escreveu a biografia do antigo capitão sabe tudo sobre ele e a Roma e esclarece a afirmação polémica na data do sorteio dos oitavos de final

- CLÁUDIA GARCIA,

Paolo Condó é coautor do livro “Francesco Totti, un capitano”. Passou o último ano no centro de estágios da Roma e O JOGO esclarece o que o antigo capitão pensa sobre esta eliminatór­ia

“Francesco Totti, um capitão” provocou uma revolução não só em Roma, mas em todo o país. O livro levou centenas de pessoas a formarem filas pela madrugada à espera do lançamento do documento que revela os segredos do maior jogador da história do clube. O coautor da autobiogra­fia, o jornalista Paolo Condó, passou um ano inteiro entre os romanos e revela agora a O JOGO alguns dos segredos do próximo adversário do FC Porto.

Como é que conseguiu convencer Totti, que quase nunca fala, a revelar tanto sobre a sua vida?

— Exatamente por isso. Ele é um jogador muito reservado. Nunca dava mais do que uma entrevista por ano e nessa as perguntas recaíam mais sobre a atualidade da equipa. Nunca houve oportunida­de para escavar mais a fundo e saber algo mais sobre o Totti. Temos 70 horas de conversas registadas.

Um dos episódios abordados no livroéocon­turb ado fim de carreira. Um ano de discussões com Spalletti que o levaram a pendurar as chuteiras. É verdade que ele queria continuar?

— Sim, é verdade. Se fosse pelo Francesco, ele ainda estaria a jogar. Ele disse-me que concorda que o Spalletti o tenha “convidado” a deixar o futebol, porque os atletas, por vezes, precisam que alguém lhes diga que é o momento de parar, mas a forma como isso foi feito é que esteve errada, foi bruta. Ele teve propostas dos Estados Unidos, da China e dos países árabes, mas decidiu ficar na Roma e concluir esta história tão bonita.

Durante estes 28 anos na Roma, Totti alguma vez ponderou deixar o clube?

— Houve três clubes que estiveram muito perto de o tirar da Roma. O primeiro foi o Milan, aos 12 anos. Já se falava que era um miúdo com grande qualidade, mas a mãe disse que era demasiado novo para deixar a casa dos pais. Depois foi a Sampdoria, na época em que Carlos Bianchi treinava a Roma (96/97). Bianchi não gostava do Totti e quis forçar o empréstimo dele para contratar o Jari Litmanen do Ajax. Totti confessou que se o tives- sem emprestado à Sampdoria nunca mais teria voltado à Roma. Nesse ano o que salvou foi um torneio particular entre a Roma, o Bayern Munique e, precisamen­te, o Ajax. Marcou dois golos espetacula­res ao Bayern e o presidente Sensi disse que não o vendia por dinheiro nenhum do mundo. Bianchi acabou por ser despedido nessa época. E o terceiro clube foi o Real Madrid, em duas ocasiões.

E porque é que recusou um dos maiores clubes do mundo?

— Ele ficou tentado. A primeira vez não havia hipótese. Foi em 2001, no dia 11 de setembro, o dia dos atentados de Nova Iorque. A Roma tinha acabado de ser campeã, tinha uma grande equipa, Totti era o símbolo, não iria sair e o Sensi disse “nem pensar” a Florentino Pérez. A segunda vez foi em 2005. A Roma não estava bem financeira­mente e Totti terminava contrato. Foi o Totti que recusou a oferta. Ele iria ganhar mais de 25 milhões por época, contra os cerca de 10 milhões que ganhava em Roma, mas decidiu não ir. Quando levou 30 camisolas autografad­as a Madrid, o presidente Pérez pediu para ele escrever atrás: “Do único jogador que me disse que não.”

Há aqueles que acham que o Totti nunca deixou Roma por comodidade e os que o idolatram por ele ter ficado sempre. Quem está correto?

— Ambos. Ele realmente escolheu sempre ficar no clube da sua cidade, mas também é verdade que é um pouco preguiçoso e bastava-lhe estar num ambiente repleto de amor onde nunca era posto à prova.

Para muitos, Totti é o melhor jogador italiano. Concorda?

— Faz parte de um grupo muito restrito onde está ele, o Roberto Baggio, o Maldini e o Rivera.

Falaram sobre o jogo contra o FC Porto?

— Não falamos sobre jogadores, mas sobre o jogo sim. Ele acha o FC Porto uma ótima equipa e diz que é favorito.

No entanto, no fim do sorteio disse que estava aliviado por ter saído o FC Porto.

— É normal. Com Barcelona, o City, o Bayern... sai o FC Porto e ele diz que a Roma teve sorte. Mas ele sabe que o FC Porto é favorito. Sempre achamos que o FC Porto teria 60% contra 40% da Roma. Agora que Marega se lesionou eu diria que está mais equilibrad­o.

“Com Barcelona, Real e City, sai o FC Porto e ele diz que a Roma teve sorte. É normal. Sempre achamos o FC Porto favorito, mas sem Marega está mais equilibrad­o”

“Joga De Rossi. Falta saber se com N’Zonzi ou Cristante. Depois jogam Zaniolo, Dzeko e El Shaarawy”

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