O Jogo

Balão de oxigénio

- Samuel Almeida

Para Frederico Varandas o golo de Bruno Fernandes é uma oportunida­de quase irrepetíve­l de ganhar nova margem de manobra e mostrar qual é o

seu projeto

Há golos que podem valer uma época e que representa­m bem mais que aquela fração de segundo em que o mundo pára e nos envolvemos numa onda de alegria e euforia coletiva. O golaço de Bruno Fernandes na Luz pode muito bem ter sido um desses momentos. Com efeito, ao sair viva do Estádio da Luz com possibilid­ade real de eliminar o seu rival no dia 3 de abril, regressand­o ao palco do Jamor, a equipa do Sporting forneceu ao seu treinador e a Frederico Varandas um importante balão de oxigénio. Vencer a Taça de Portugal, mais que um paliativo para o clube e sua massa associativ­a, constituir­ia um reencontro com a história e sobretudo permitiria ao Sporting sarar muitas das feridas que ficaram de Alcochete. Ultrapassa­r o seu rival em Alvalade daqui a dois meses será, pois, para o Sporting bem mais que um jogo ou a possibilid­ade de esta equipa lavar a sua honra depois de ter sido atropelada em casa pelo seu rival. Mais ninguém merecia aquele golo que o Bruno Fernandes.

Até final da época, afastado que está da luta do título e do acesso à Champions, Marcel Keizer tem aqui uma oportunida­de única de mostrar que merece o cargo que ocupa, estabiliza­ndo de vez o modelo de jogo – na Luz mostrou uma flexibilid­ade tática até aqui desconheci­da e o 4x4x2 dos últimos 25 minutos mostrou um Sporting com outra dinâmica e capacidade de ocupar os espaços – rentabiliz­ar ativos e preparar a época que aí vem. É fundamenta­l, aliás, para o treinador holandês que seja capaz de se adaptar em definitivo ao futebol português, melhorar a comunicaçã­o e promover uma adequada rotação dos jogadores de forma a permitir a sua integração e melhoria da competitiv­idade interna. Se o futebol português rapidament­e se adaptou a Keizer, é bom que este se adapte rapidament­e ao futebol cá do burgo, mostrando que está à altura do seu primeiro grande desafio enquanto treinador de uma equipa profission­al. Vencer a Taça e fazer uma boa Liga Europa são desiderato­s que estão ao alcance deste leão. Basta aliás pensar que sem a derrota de Tondela e o empate em Setúbal, o Sporting tinha a possibilid­ade de estar apenas a quatro pontos da liderança se vencer hoje em Santa Maria da Feira. Dá que pensar.

Já para Frederico Varandas e seus pares, o golo de Bruno Fernandes é uma oportunida­de quase irrepetíve­l de ganhar nova margem de manobra e mostrar aos adeptos qual é o seu projeto para o futebol e para o clube. Neste ponto, é bom recordar que a candidatur­a do Frederico se diferencio­u precisamen­te pelos seus alegados conhecimen­tos de futebol, sendo agora tempo – depois de arrumada a casa e reforçada a estrutura e edifício do futebol luso – de anunciar aos sócios e adeptos qual é o seu projeto para o futebol leonino. Será, aliás, uma oportunida­de única para Frederico e sua equipa comunicare­m ativamente com os sócios e adeptos, mostrando obra em matéria de comunicaçã­o, preparação do próximo congresso do clube, a restrutura­ção financeira e os novos projetos nas áreas de marketing e área comercial. O golo de Bruno Fernandes foi de facto um golo que pode valer bem mais que uma época.

Nota final: para os sócios e adeptos do clube este é o momento de cerrar fileiras e unirmo-nos em torno do clube e do próximo dia 3 de abril. A meia-final da taça em Alvalade vale muito mais que uma desforra sobre o nosso rival. Vale o acesso ao Jamor, a mais um título, mas sobretudo um reencontro com a nossa história e o orgulho de ser leão. Um leão cai, mas não quebra e nunca baixa a juba!

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