O Jogo

“Crescemos mais depois do Euro”

Há um ano, o país uniu-se em torno do futsal, roeu as unhas e no fim celebrou um inédito título de Campeão da Europa. Um ano depois, o selecionad­or Jorge Braz diz que Portugal ainda está melhor

- JOÃO MAIA

Foi em Rio Maior, antes do duplo particular com o Brasil, no qual Portugal acabou por ser goleado, que Jorge Braz desfiou memórias de Ljubljana e falou do impacto que o título Europeu teve no seu próprio dia a dia. Como é que tem passado o melhor selecionad­or nacional do mundo? —[Risos] Foi mais um momento evidente de reconhecim­ento e valorizaçã­o do futsal português por tudo aquilo que temos feito e construído sem- pre num sentido positivo do que queremos para o futuro. Queremos continuar neste caminho. O que é que a família lhe disse quando a distinção foi divulgada? —Estava com familiares e amigos em casa e nem sabia que o prémio ia ser divulgado nesse dia [31 de dezembro]. Como tenho uma péssima relaçãocom­otelemóvel,alguém me avisou que eu estava a recebermui­taschamada­semensagen­s e percebi que tinha ganho. Foi um orgulho para toda a gente. No ano passado, dizia-nos que andava a ser muito abordado na rua nos dias que se seguiram à conquista do Europeu. Passado um ano, isso mantém-se? —Continuo a ser abordado. É um sinal de que a relevância social que o futsal tem está a crescer.Algumassen­horasidosa­s vêm abordar-me e dão os parabéns, o que não era normal. As pessoas ligadas ao futsal conheciam bem os seus agentes, mas a conquista do Europeu aumentou esse reconhecim­ento. Este foi um objetivo muito importante: aumentar a inserção do futsal na sociedade desportiva portuguesa. O que mais me faz sentir bem é que as pessoas, mesmo algumasque­tinhamalgu­ma desconfian­ça, reconhecem tudo o que andámos a fazer nos últimos anos. Isso é o que mais me deixa orgulhoso. Estamos a conversar em Rio Maior, onde a Seleção Nacional preparou esse Europeu. Quando se reencontra­ram aqui, Há memórias nunca contadas desse título que Portugal venceu na Eslovénia. Jorge Braz revelou três episódios incluídos neste lote. “Marcou-me imenso a reunião que os jogadores tiveram após a meia-final com a Rússia, pois estavam muito preocupado­s em controlar a emoção e recuperar para a final. Depois, há dois momentos na final: o primeiro foi ver três jogadores a fazer um carrinho ao mesmo tempo. Aí senti que naquele dia era muito difícil perdermos. Não festejei o golo da vitória com a Espanha, pois sabia que a bola ia entrar e só estava preocupado em defender o 5x4.”

passado um ano, foi inevitável recordar esses momentos?

—O que mais me veio à cabeça foi que, um ano após a conquista, crescemos ainda mais depois do Europeu. Estamos a caminhar para evoluir cada vez mais. Isso é que é uma satisfação fantástica.

Passado um ano, ainda sonha que está em Ljubljana a meio de algum jogo?

—É evidente que muitas vezes nos lembramos destas experiênci­as. Nós preparámon­os de forma extremamen­te séria e focada e passámos por pequeninas experiênci­as todos os dias nas refeições, nas reuniões… o somatório disto tudo levou-nos a conquistar o que conquistám­os. Estas experiênci­as têm de ser um exemplo para sempre, especialme­nte quando no futuro não tivermos

Portugal sagrou-se campeão europeu de futsal a 10 de fevereiro de 2018. Na final, os portuguese­s ganharam à Espanha por 3-2, após prolongame­nto “Algumas senhoras idosas vêm abordar-me e dão-me os parabéns. Não era normal” “Avisaram-me que eu estava a receber muitas chamadas. Aí percebi que tinha ganho o prémio [de melhor selecionad­or do mundo]” “O meu primeiro Europeu como adjunto em 2007 foi em Portugal. Tentar revalidar o título em casa? Seria aliciante...”

Vai passar o dia 10 de fevereiro a relembrar o jogo da final com a Espanha?

—Se calhar vou vivê-lo com mais emoção. Vivi a final com tanta razão, com tanta clareza do que tinha que fazer, que me mantive extremamen­te tranquilo e com as emoções muito controlada­s. Mesmo nos festejos ainda estava tão sério e preocupado em não desperdiça­r a final que, este ano, vou estar mais emocional do que há um ano.

O Ricardinho disse-nos em entrevista que, todos os anos, vai haver um jantar dos Campeões Europeus. Já está marcado?

—Pelos vistos tem de haver. Isso está a ser tratado entre os Campeões Europeus. São eles a comissão de festas.

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