Jogo num domingo de tarde é raro e tem valor simbólico
1 Hoje joga-se à tarde. Um jogo do SC Braga num domingo de tarde é algo raro. Tão raro que, sinceramente, não me recordo quando foi a última vez que tal sucedeu. A Direção do SC Braga elaborou um estudo – que comunicou posteriormente – no qual se constata aquilo que já todos intuíamos: que os horários que o SC Braga quase sempre joga não são nada amigáveis ou familiares. Poderá estar aqui – eu acho que é um dos fatores preponderantes – uma boa explicação para a quebra de assistências nos jogos caseiros dos arsenalistas. A frieza da estatística serve para temperar os argumentos mais clubísticos e tirar conclusões baseadas em factos e não em processos subjetivos (opiniões): o SC Braga é o clube que joga mais tarde e – pasme-se – esta época ainda não teve qualquer jogo antes das 17h00. No caso dos jogos caseiros, o Braga jogou sempre depois das 20h00 com exceção do jogo contra o Marítimo, que principiou às 18h00 de uma quarta-feira. Se a isto juntarmos um estádio frio e desconfortável, temos uma explicação mais que plausível para a relativamente fraca assistência caseira do SC Braga. O jogo de hoje tem, por isso, um valor simbólico. Mas, apesar de tudo, não partilho do otimismo de muitos de que iremos ter uma enorme assistência. Uma coisa é uma política integrada de horários que permite a criação de públicos fixos. Outra coisa são atos isolados. Só a primeira situação é que gera resultados palpáveis e importantes. Por isso, ainda que eu espere hoje uma assistência a rondar os 13 mil, sei que se a LPFP implementar uma política de marcação de jogos igualitária e equitativa – como ela própria se propõe –, o SC Braga, que tem sido um dos clubes que mais consistência tem apresentado, nos últimos anos, no que respeita à sua capacidade competitiva e de luta pelos lugares cimeiros do campeonato, será um dos principais beneficiários, em termos de subida da média de assistência nos seus jogos caseiros.
2 Síndrome de Bartleby é o nome que o escritor catalão Enrique Vila-Matas dá ao processo da renúncia da literatura por parte de escritores que querem cair, propositadamente, no esquecimento. Esta síndrome, inspirada na misteriosa personagem Bartleby, do escritor Herman Melville, veio à minha cabeça, esta semana, a propósito do SC Braga. A equipa, que entra nesta jornada num terceiro lugar confortável (a sete pontos do 4.º classificado, o Sporting) e ambicioso (a um ponto do 2.ª e a quatro do 1.º), nem assim consegue sair do esquecimento por parte dos opinion makers do futebol. Os programas televisivos continuam só com a presença dos comentadores adeptos dos clubes habituais e, por mais do que uma vez, pude assistir esta semana a discussões sobre se o resultado do dérbi lisboeta teria ou não afastado o Sporting da luta pelo título. Para uns sim, para outros não, mas sobre o Braga... nem uma palavra. Parece que para os atuais detentores da comunicação sobre futebol, o Braga é como Bartleby, esquecido…
Parece que para os atuais detentores da comunicação sobre futebol, o Braga é como Bartleby, esquecido...