O Jogo

Videovigil­ância inteligent­e contra violência no futebol

Deputados auscultam hoje instituiçõ­es desportiva­s sobre alterações às leis contra a violência e do regime de treinadore­s

- ANTÓNIO PEDRO PEREIRA

Grupo de Trabalho do Desporto do Parlamento altera significat­ivamente a proposta da lei 153 efetuada pelo governo para distinguir requisitos de segurança no futebol profission­al e nas modalidade­s

Hoje, há uma audição pública na sala António Almeida Santos, na Assembleia da República, em que se discutirá o regime de treinador (lei 146, ver caixa) às 10h30 e a lei 153 (entre as 14h00 e as 18h00). A alteração da lei contra a violência foi acelerada pelo Grupo de Trabalho do Desporto (GTD), que concentrou sobre si os trabalhos da Comissão de Cultura, Comunicaçã­o, Juventude e Desporto (a “12.ª Comissão”), após perceber que a proposta do Governo, entretanto reformulad­a no Parlamento, pecava por estar demasiado focada no futebol profission­al. Na prática, impunha condições de segurança idênticas a um Benfica-FC Porto da I Liga de futebol e a um Fermentões–ISMAI da I Divisão de andebol. Os deputados estão rendidos ao sistema de videovigil­ância inteligent­e, mas este custa cerca de 320 mil euros a instalar.

A proposta entregue pela Secretaria de Estado da Juventude e Desporto, segundo contou fonte da Assembleia da República a O JOGO, estava muito centrada nos contributo­s pedidos às instituiçõ­es do futebol profission­al. No desenvolvi­mento do trabalho, os nove deputados do GTD (3 do PS, 3 do PSD, 1 Bloco, 1 PCP e 1 CDS) multiplica­ram as solicitaçõ­es a federações e instituiçõ­es de outras modalidade­s, que já tinham manifestad­o verbalment­e uma forte contestaçã­o à forma inicial da proposta de lei n.º 153/XIII/4.ª (altera o regime jurídico do combate à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerânc­ia nos espetáculo­s desportivo­s). No âmbito de um “grande consenso”, segundo os grupos parlamenta­res representa­dos no GTD, o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, concordou com os deputados que a proposta baixasse à 12.ª Comissão sem votação na generalida­de, no dia 4 de janeiro. Ficou aí acordado entre os nove deputados do GTD que seria feito tudo para que no prazo máximo de 90 dias a proposta estivesse fechada, com todos os contributo­s recolhidos, entidades ouvidas e texto fechado para poder ser votado em abril (três em um: especialid­ade, generalida­de e final). Tudo para que a nova lei entre em vigor na próxima época (2019/2020).

Neste momento, está em cima da mesa a distinção entre três níveis de segurança: um que englobe as competiçõe­s profission­ais (I e II Ligas de futebol), os de elevado risco nacional (para os grandes jogos das modalidade­s) e um terceiro que englobe as outras categorias (como as camadas jovens).

Leitura facial

Uma das grandes ferramenta­s dissuasora­s que está a convencer os deputados a implementa­r coma nova lei é o sistema de videovigil­ância inteligent­e. A instalação deste sistema foi recentemen­te orçamentad­a a um clube da I Liga em 320 mil euros por uma empresa com forte presença na Alemanha e Espanha.

O GTD viu demonstraç­ões do sistema que consegue identifica­r adeptos pela roupa, se tem um telemóvel na mão ou um boné na cabeça. À entrada, há uma câmara em que os adeptos são registados em termos de roupa e adereços e de expressão facial e sempre que necessário, o sistema faz uma pesquisa inteligent­e de qualquer um desses elementos.

Da Alemanha chegou um exemplo ao GTD de um clube que recuperou o investimen­to na poupança em multas numa temporada, o que, aliado a uma eventual compartici­pação ou prestação de garantias para empréstimo­s a longo prazo por parte da Federação Portuguesa de Futebol ou Liga, poderá atenuar o investimen­to que vai onerar os clubes. Que se têm mostrado contra por essa razão, embora seja convicção dos deputados que se é para investir, que seja num mecanismo eficaz e verdadeira­mente dissuasor.

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Grupo de Trabalho do Desporto discute no Parlamento medidas contra a violência

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