VIZINHOS, RIVAIS
... mas, hoje, em planetas diferentes
OBenfica mudou de treinador e foi eliminado da Taça da Liga, mas relançou-se no campeonato, consolidou-se na Taça de Portugal e agora está em grande na Liga Europa. O Sporting mudou de treinador e ganhou a Taça da Liga, mas atrasou-se de vez no campeonato, tem a Taça de Portugal em risco e se calhar já só faz mais um jogo na Liga Europa. O Benfica mudou de treinador e fez um compasso de espera até perceber os métodos do novo timoneiro, mas entretanto descobriu um monte de soluções no Seixal, consolidou um modelo de jogo excitante e agora todo ele respira desejo e alegria. O Sporting mudou de treinador e desatou a ganhar jogos, mas entretanto o novo timoneiro ainda não tirou um único coelho da cartola, o putativo modelo de jogo é assim hoje e assado amanhã e, pelo menos em campo (mas quem acredita que é só em campo?), é uma equipa deprimida e disfuncional. O Benfica mudou de treinador e arriscou bastante, mesmo que só agora Jorge Jesus esteja a começar a tirar o cavalinho da chuva quanto a um regresso à Luz. O Sporting mudou de treinador e arriscou imenso, mesmo que, a dada altura, a aposta quase tenha parecido um achado. O Benfica, hoje, transborda fator x: no treinador, na capacidade de escolha do presidente e na própria harmonização das circunstâncias. No Sporting há muito tempo que não há fator nenhum, e nisso Frederico Varandas não veio acrescentar nada aos piores tempos de Bruno de Carvalho. Escrevi aqui, no ano passado, que as eleições do Sporting foram tão atípicas que quem ganhou foi a lebre. Varandas tem mais uma boa oportunidade de provar que é mais do que isso. Cabe-lhe exercer a coragem de dissolver um erro que o simples bom senso podia ter evitado e não hipotecar também a preparação de 2019/20 só para não dar o braço a torcer.