O Jogo

A confissão!

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No benfiquist­ão, onde pululam comentador­es “independen­tes” afetos ao Benfica, há agora um desígnio “nacional” que passa por considerar Bruno Lage o treinador do século, por comparação com Rui Vitória e até mesmo por comparação com Jorge Jesus. Na comparação com Jesus, Lage é melhor porque faz uma aposta genuína nos jogadores da formação, mas na comparação com Vitória, os benfiquist­as (comentador­es-adeptos e comentador­es “independen­tes”) vão mais longe: Lage é muito bom e Vitória era muito mau. O antigo treinador não sabia treinar os jogadores (pouca intensidad­e nos treinos, falta de treino para situações específica­s do jogo – exemplo bolas paradas ou recuperaçã­o de bolas perdidas –, enquanto que o novo treinador faz tudo bem. O que nacional-benfiquism­o não se dá conta é que com esta tese, a de que Rui Vitória não tinha categoria para dar um campeonato ao Benfica, estão a confessar aquilo que Sporting e FC Porto denunciara­m nos anos em que Benfica e Rui Vitória conseguira­m o tri e o tetra. A teia que foi criada, e está abundantem­ente descrita nos emails, permitia ao Benfica ganhar fora do campo quem quer que fosse o treinador. Mais vale tarde do que nunca, mas a confissão, em matéria de peso na consciênci­a, para ser válida, tinha de ser feita sem recurso a esta linguagem codificada. Do ponto de vista da justiça até poderia servir como atenuante. Sem isso, é a hipocrisia ao melhor estilo de quem se acha acima de tudo. Até um dia!

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